A desigualdade de gênero ainda persiste no mercado de trabalho. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), no segundo semestre de 2022, 135 mil mulheres estavam desocupadas no Distrito Federal. Para combater essa realidade, a capital do país conta com ONGs, projetos sociais e instituições que tentam amenizar o cenário com a oferta de capacitação profissional e incentivos ao sentimento de valorização feminina.O Instituto EVA (Empoderamento, Valorização e Autoestima) atua no DF há mais de duas décadas e é a primeira organização da sociedade civil voltada exclusivamente para políticas públicas para mulheres. O instituto oferece cursos de qualificação profissional, oficinas e rodas de conversa que contribuem para a independência financeira da mulher. A diretora-presidente, Edna Maria Sampaio, conta que, nos últimos cinco anos, cerca de 10 mil mulheres foram beneficiadas pelas ações do projeto, especialmente na capacitação e qualificação profissional realizadas, às vezes, em parceria com o Governo do Distrito Federal.Mulheres em situação de vulnerabilidade social, periféricas e vítimas de violência doméstica são os perfis mais frequentes no instituto. De acordo com Edna, elas são menos favorecidas por serviços públicos e possuem poucas ofertas de emprego. “Muitas vezes, as políticas públicas implementadas pelo Estado não alcançam situações específicas em que as instituições possuem mais facilidade por estarem instaladas nos territórios mais próximos da realidade de quem efetivamente precisa”, explica.Ana Paula Santos é uma das mulheres assistidas pelo Instituto EVA. Aos 15 anos, foi mãe pela primeira vez e hoje, com 35, é mãe de oito crianças. Esteve em dois relacionamentos abusivos que a fizeram sentir-se incapaz de conquistar a própria independência financeira. Determinada a prover uma qualidade de vida melhor aos filhos, ela buscou o instituto, concluiu um curso de administração e adquiriu experiência com artesanato.Motivada pelos professores e pela diretora-presidente do instituto, Ana Paula conta que conseguiu enxergar potencial em si mesma. Foi incentivada a concluir o ensino médio e sente que está mais preparada para o mercado de trabalho. “Quero ser exemplo para os meus filhos. Ainda não estou completamente empregada, mas sinto que os cursos me prepararam para o dia que eu conseguir estar. Agarro toda oportunidade que me aparece”, diz.Violências
O aumento dos casos de violência contra a mulher no período da pandemia deu origem ao Instituto Elas Transformam, um ambiente seguro para promover os direitos das mulheres. “Nossas ações surgiram como uma forma de acolhimento dessas mulheres que estão em uma situação maior de vulnerabilidade”, afirma Amanda Leite Ferreira, presidente do Instituto.Atualmente, o Elas Transformam têm focado de várias formas na reinserção de mulheres no mercado de trabalho, com ações próprias e parcerias. “Lançamos o projeto Elas Conectam, um programa de banco de dados para contratações de mulheres no mercado de trabalho”, relata Amanda. O projeto busca ser uma ponte entre as empresas e o público feminino. “Aprendi a ter capacidade de enfrentar várias situações da minha vida que eu achava que eu não poderia”, conta a participante do projeto Eduarda Pereira.*Estagiárias sob supervisão de Patrick SelvattiFonte: Correio Braziliense