Cientistas do Imperial College London, no Reino Unido, avançaram para desvendar por que uma parte das pessoas se sente saciada após praticar exercícios físicos. Eles acreditam que essa descoberta pode contribuir para o tratamento do sobrepeso e obesidade, condições que são epidêmicas no mundo.
Em um experimento feito com 12 homens com idades entre 18 e 48 anos, entre 2019 e 2020, os pesquisadores descobriram que a combinação das funções hormonais com os metabólitos – produtos do metabolismo das células – pode desempenhar um papel importante no controle da fome e da saciedade.
Em editorial publicado no The Journal of Physiology, em 15 de agosto, os pesquisadores Henver Simionato Brunetta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Jens Lund, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), afirmam que o estudo britânico é um passo importante para o tratamento da perda de peso.
“O ponto mais interessante do trabalho, o que os pesquisadores observaram, é que o exercício de forma aguda suprime a fome. Porém, somente o perfil hormonal não é suficiente para explicar o efeito. Com isso, eles fizeram uma avaliação dos metabólitos alterados pelo exercício e por outras condições alimentares, percebendo que alguns deles, como acetato e succinato, atuam como preditores de saciedade. De alguma forma, os metabólitos estão regulando a fome e a saciedade, embora a gente ainda não saiba exatamente como”, explicou Brunetta à agência Fapesp.
O Atlas Mundial da Obesidade, da organização internacional World Obesity Federation, estima que a obesidade afetará 1 bilhão de pessoas no mundo até 2030. A condição é a responsável por outros problemas de saúde, como diabetes, hipertensão arterial e doenças do coração.
Exercícios físicos e saciedade
Os pesquisadores investigaram a interação metabólica entre carboidratos e exercícios e o papel deles na regulação do apetite. No estudo, os participantes deveriam fazer 30 minutos de exercícios físicos em jejum ou após a ingestão de carboidratos. Ao final, os pesquisadores ofereceram aos voluntários uma refeição para avaliar a ingestão calórica, as sensações subjetivas de apetite e as taxas de metabólitos e hormônios.
Observou-se que tanto os voluntários que comeram carboidratos como os que fizeram exercícios em jejum aumentaram os níveis de GLP-1 – hormônio produzido naturalmente pelo intestino, liberado na presença de glicose, e que sinaliza ao cérebro que estamos alimentados. Os dois grupos também diminuíram os níveis de grelina, hormônio que aumenta a fome.
Ao compararem os resultados, os pesquisadores notaram que a resposta de metabólitos foi melhor nos voluntários que fizeram exercícios em jejum. Apesar do aumento de gasto de energia após se exercitar, os voluntários produziam um conjunto de hormônios/metabólitos com potencial para suprimir o apetite.
Fonte: Metrópoles