A estudante Lídia Luiza Bertoncello, 23 anos, viralizou na última semana após compartilhar no Tik Tok, um “teste de fidelidade” contratado por uma moça que havia apostado R$ 500 com a amiga que o noivo era fiel. O rapaz caiu na armadilha da tiktoker e o vídeo bateu mais de 8 milhões de visualizações.A estratégia desenvolvida pela influenciadora é simples: seguir a pessoa no Instagram, curtir algumas fotos, puxar papo nos stories, trocar telefone e combinar um encontro pelo WhatsApp.Ela revelou em entrevista para o portal Uol, que faz isso todos os dias, diversas vezes por dia e com várias pessoas diferentes. As “vítimas” são homens e mulheres comprometidas e têm uma parceira ou parceiro que anda meio desconfiado.Por um valor combinado por direct, que a tiktoker garante ser baixo, ela oferece o serviço de teste de fidelidade via redes sociais. A abordagem acaba quando o infiel topa o encontro com ela.Lígia relatou que já realizou mais de 4 mil testes nos 11 meses e que menos de 500 não caíram na investida online. Ela contou também, ter começado a atuar na checagem da fidelidade alheia depois que o método a ajudou a sair de uma relação ruim.”Passei por um relacionamento abusivo há um tempo, sofri muito, fui agredida. E eu tive vontade de fazer um teste de fidelidade com esse ex-namorado, porque eu via que ele escondia coisas. Sabia que algo estava acontecendo, mas eu não tinha provas concretas. Pedi para uma amiga que ele não conhecia puxar assunto no Instagram”, conta ela.O então companheiro marcou de encontrar a amiga de Lídia e, com os prints em mãos, ela finalmente conseguiu forças para sair do relacionamento.Em março de 2021, triste com o término, Lídia decidiu ajudar pessoas que passavam por situações similares à sua e se ofereceu para o serviço de forma gratuita. A demanda foi grande desde o início, e agora só aumenta.”No começo, eu fazia para conhecidas, amigas, e aí um dia contei no meu Instagram. Olha, foram tantos pedidos! Cheguei a fazer 40 testes em um único dia, fiquei acordada de 5h às 2h da manhã para dar conta de tanta gente falando comigo, só para ajudar as pessoas, sem ganhar nada”, contou.Ela relata que precisou começar a cobrar porque os testes acabavam deixando ela cansada para os trabalhos que fazia como provadora (experimentando roupas e postando na internet) e blogueira.Hoje Lídia está fazendo um curso de piloto, e com as demandas de estudo, precisou reduzir o número de testes, mantendo uma média de 130 por mês. A maior parte das interações começa no Instagram, mas pode acontecer em outras plataformas, como pela OLX.”Minha caixa (de mensagens) vive lotada. Infelizmente, não consigo atender todo mundo, a busca é imensa. Varia muito de mês a mês e do quanto eu consigo pegar, porque tenho que estudar também. Mas estou recrutando agora algumas meninas para trabalharem comigo”, diz ela.Ela conta que precisou amadurecer para conseguir lidar com a situação com um distanciamento profissional.”Eu adoro o trabalho! No início eu sofria muito, porque quando os caras traíam, as meninas choravam, ficavam tristes demais e eu acabava pegando as dores. Tinha noites que eu não dormia pensando nas histórias, até porque boa parte está em um relacionamento abusivo, onde eu já estive. Hoje, eu já lido melhor, comecei a fazer terapia”, diz Lídia, que não usa seu nome verdadeiro nas investigações.A influenciadora explica que a namorada ou namorado desconfiado é o responsável por ajudá-la a entender qual é a melhor forma de abordar o infiel em potencial. Isso porque, grande parte das pessoas que pedem o teste de fidelidade foram vítimas de alguma traição e querem saber se a pessoa mudou ou estão desconfiadas de puladas de cerca. Por isso, para o teste dar certo, é preciso conhecer bem a personalidade da pessoa.”Eu crio um personagem, um roteiro, assumo uma profissão, um jeito, tudo de acordo com o que eu combino com a parte que está me contratando. Falo que viajo para a cidade da pessoa. Peço detalhes da vida do cara, horários, trabalho, hábitos”, conta Lídia. “Você precisa criar um enredo para o cara não desconfiar de nada.”Lídia conta que mantém sua real localização em segredo, tendo em vista que algumas vítimas já ameaçaram, inclusive de processá-la. Por isso, ela já tem até uma assessoria jurídica.Ela relata que pode conseguir marcar o encontro em 15 minutos ou levar até dois meses de paquera, e consegue manter várias conversas paralelas. Para isso, ela diz ser muito organizada para não se perder nas histórias. Os contatos, por exemplo, são salvos em seu celular assim: ‘fulano.fulana.teste’, para ficar fácil de entender.A blogueira conta que durante o processo de investigação, ela repassa todos os prints trocados com o investigado para o contratante.”Muitas vezes, quando eu marco um encontro, a mulher vai no meu lugar para confrontar o cara. E aí, nesses casos, ele quase sempre diz que já sabia e que só foi para ver até onde a mulher iria chegar com aquilo tudo. Olha, é sempre o mesmo papinho, sério. Eu tenho a sensação de que estou falando todo dia com o mesmo cara, porque é sempre igual”, diz.”Eu recomendo só fazer o teste se você se sentir capaz de lidar com o resultado. Se você descobrir que ele te trairia e não terminar, você vai acabar sofrendo muito com o que vai ver e só desgastar ainda mais a sua relação. Acho que faz sentido fazer se for para ter força e sair do relacionamento”, avalia.Hoje, ela diz ter encontrado um cara bacana, que entende e não tem ciúme de seu ofício. “Depois de tudo que eu já vi de quatro mil caras, eu realmente achei um em quem posso confiar”.Fonte: Correio Braziliense