O ex-ministro Milton Ribeiro foi preso nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal. O pastor evangélico abandonou o cargo em 28 de março de 2022 depois que a Folha de São Paulo revelou áudios do ministro pedindo priorização de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do MEC para pastores aliados ao presidente Jair Bolsonaro.Bolsonaro colocou Ribeiro no cargo após Abraham Weintraub deixar o cargo em junho do ano passado. O pastor evangélico acumulou escândalos e declarações lamentáveis, assim como todos os seus antecessores na pasta.
Histórico de Milton RibeiroMilton Ribeiro acumula trapalhadas, declarações infelizes e gestão incompetenteMilton Ribeiro assumiu o cargo com a experiência de ter sido vice-reitor da Universidade Mackenzie, em São Paulo, no início dos anos 2000. Ao longo de seu tempo de cargo, Ribeiro mostrou-se extremamente aliado ao discurso ideológico de extrema-direita do Palácio do Planalto. Ele foi ávido defensor do homeschooling, que desobrigaria crianças a fazerem sua educação em escolas. Ele também defendeu que a função social da educação formal poderia ser substituída pelas igrejas. O projeto era apoiado por cristãos extremistas.Milton também ficou reconhecido por conta de falas capacitistas como ministro. Ele criticou a presença de crianças com deficiência em escolas para pessoas sem deficiência. “O que é inclusivismo? A criança com deficiência é colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia, ela ‘atrapalhava’ – entre aspas, essa palavra eu falo com muito cuidado – ela atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial”, disse Milton em entrevista no ano passado. O pastor evangélico também mostrou desprezo pelo ensino universitário. “A universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”, disse em entrevista à TV Brasil. Ele também foi responsável pelo ENEM 2020, considerado um grande fracasso. A prova teve a menor presença da história por conta de mal planejamento relacionado à pandemia.Mesmo com este histórico, foi somente por conta de um esquema de corrupção que Milton abandonou o seu cargo.
Cara no fogo
Milton Ribeiro é acusado de participar de um esquema de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). De acordo com as investigações, Gilmar Santos e Arilton Moura, dois pastores evangélicos ligados a Milton Ribeiro e Jair Bolsonaro, negociavam com prefeituras de cidades brasileiras a destinação dos recursos do FNDE, controlado pelo centrão.As denúncias apontam que Gilmar Santos e Arilton Moura pediam propina em ouro para prefeitos para conseguir enviar os recursos. Além disso, existem indícios de que os recursos eram alocados de forma suspeita para as prefeituras. Em áudio, o ministro afirmou que Bolsonaro sabia do esquema (assim como ele próprio). Agora, ele, Arilton e Gilmar respondem judicialmente por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.Em março, quando o escândalo foi revelado, Bolsonaro defendeu o ministro em live. “O Milton, coisa rara de eu falar aqui: eu boto minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele”. Agora, o presidente da República abandonou Milton Ribeiro. “O caso do Milton, pelo que eu estou sabendo, é aquela questão que ele estava, estaria com a conversa meio informal demais com algumas pessoas de confiança dele. E daí houve denúncia que ele teria buscado prefeito, gente dele para negociar, para liberar recurso, isso e aquilo. E o que aconteceu? Nós afastamos ele. Se tem prisão, é Polícia Federal. É sinal que a Polícia Federal está agindo”, disse nesta manhã.Fonte: Hypeness