Um grupo de pais, professores e pedagogos denunciaram à polícia uma série de maus-tratos contra crianças de 11 meses a 5 anos, em uma creche de Florianópolis (SC). Neste sábado (2/7), diversos boletins de ocorrência foram registrados na 6ª Delegacia de Polícia de Florianópolis – Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) contra a diretora do Colégio Floripa Bem Me Quer – Desenvolvimento e Movimento.Os relatos são de que as crianças passavam fome na escola particular, eram humilhadas, xingadas e trancadas em banheiros. Em um dos casos que as professoras conseguiram filmar, a diretora da escola, Twuisa Alexandre Marcelino, aparece colocando um pano e apertando a cabeça de um bebê de 11 anos porque a criança chorava.Nas imagens, ela aparece falando para a criança parar de chorar e segura a manta do bebê como se fosse sufocá-lo.As denúncias de maus-tratos partiram de alguns professores, que se revoltaram contra a diretora e dona das escolas. Com frequência, eles escutavam os pais relatar problemas de comportamento de seus filhos sem saber a razão pela qual aquilo estava ocorrendo. Pressionados e cansados de ver as crianças sofrendo, os profissionais criaram um grupo de WhatsApp com os pais no qual denunciaram a situação.“O nome da escola é Bem-me-quer, está localizada em Capoeiras. Trabalhei lá por algum tempo e presenciei coisas desumanas feitas com as crianças que estudavam ali. Muitas vezes tentei gravar ou fotografar o que era feito mas a dona do colégio nunca me dava uma folga para isso. Tentei denunciar no conselho tutelar várias vezes, mas me disseram que eu precisava de fotos ou vídeos”, relatou uma professora.Outro relato é de que a diretora mantinha um menino autista sentado o dia inteiro atrás da mesa dela, mantendo-o apenas no celular. “Ela raramente alimentava o menino pois alegava que ele não comia muita coisa. Os remédios que os pais mandavam para ele tomar eram jogados fora, pois ela dizia que ele cuspia nela quando tomava. Quando ele gritava ela mandava ele calar a boca, gritava com ele e, às vezes, batia também”, afirmou uma ex-funcionária.Três rodelas de bananas
Embora os pais pagassem alto valor de mensalidade para que os filhos tivessem alimentação na escola, os relatos feitos ao Metrópoles por pais era de que as crianças sempre chegavam em casa com fome. Quando os profissionais decidiram denunciar, contrataram às famílias que os pequenos recebiam pouca comida e sempre era macarrão, arroz, sopa ou três rodelas de banana como lanche.Uma mãe fez um desabafo após receber as denúncias: “Se tornou um verdadeiro pesadelo em função dos relatos do que acontecia com eles naquele ambiente e que vão desde o racionamento de comida, castigos, trancafiar em cômodos separados, xingamentos e chantagem até tapas, chineladas, borrifar álcool no rosto, não administrar remédios de uso contínuo, entre outros maus-tratos como o (suposto) sufocamento do vídeo”, lamentou.Os pais de uma criança com pouco mais de 2 anos também falaram com a reportagem. Emocionados e com medo, eles contaram que o filho chegava em casa agressivo e que chegou a relatar ter ficado trancado no banheiro. “Ele já fala. Demonstrou algumas coisas, mas não levamos a sério os sinais do nosso filho. Depois do que vimos, estamos arrasados em reconhecer tudo que ele passou no lugar que devia acolher, fazê-lo feliz”, disse o pai da criança.O outro lado
Após as denúncias e gravação dos vídeos, a escola fechou as portas e o telefone que está no site não atende mais. Os advogados da instituição de ensino mandaram uma nota aos pais afirmando que foram divulgadas “fake news” nas redes sociais e que essas informações provocaram prejuízos a ponto de levar ao fechamento temporário das atividades da escola.O espaço do Metrópoles continua aberto para as manifestações dos acusados.Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.Fonte: Metrópoles