A qualidade do sono é um dos fatores essenciais para a saúde. É comprovado que uma noite bem dormida é importante para a manutenção da saúde física e mental, do bem-estar e para a realização de atividades ao longo do dia. Mas nos últimos anos, os brasileiros têm dormido de maneira insuficiente.Em uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP) publicada em junho deste ano na revista Sleep Epidemiology, cerca de 70% dos entrevistados afirmaram ter algum problema para dormir.Entre as variáveis analisadas pelos cientistas, percebeu-se um aumento de jovens com problemas relacionados ao sono: pessoas com idades entre 18 e 55 anos estão dormindo pior do que o grupo acima de 56 anos.“Houve uma piora nítida na qualidade do sono dos jovens, que são a população economicamente ativa. É uma faixa etária que precisa cuidar para que os problemas atuais não se transformem em doenças relacionadas à privação de sono no futuro”, explica a professora Dalva Poyares, neurologista e especialista em Medicina do Sono. Ela foi uma das autoras do estudo e acredita que o cenário piorou ainda mais nos últimos dois anos.A diretora de ensino e pesquisa do Instituto do Sono, Monica Andersen, explica que os hábitos das pessoas mais jovens levam a uma hiperestimulação cerebral na hora de dormir. Para ela, os efeitos da pandemia também deixaram marcas na rotina, como alterações no cronótipo, ritmo próprio de cada um em relação à vigília e ao sono.“Pessoas mais jovens geralmente têm hábitos prejudiciais à saúde do sono, como maior consumo de cafés e energéticos, ritmo de trabalho e de estudo acelerados e exposição excessiva de telas antes de dormir. Esses fatores são hiperestimulantes, e mantêm o cérebro ativo no período em que deveria haver repouso”, detalha Monica.A luminosidade das telas bloqueia a melatonina, que é o hormônio da escuridão, e os bloqueadores de luz azul não são suficientes para melhorar a noite de sono. As mídias utilizadas pelos mais jovens buscam engajamentos, fornecendo estímulos que atrapalham e retardam o sono.Estresse e ansiedade
Monica ressalta que o hormônio cortisol, relacionado ao estresse e à ansiedade, ocupa um papel importante nesse contexto. “Quando dormimos mal, ficamos mais estressados, e quando estamos estressados, dormimos mal. Por isso é importante manter hábitos prazerosos antes de dormir e evitar certas situações pelo menos duas horas antes de ir deitar, além de manter a regularidade do sono”.A indicação das especialistas é que os jovens realizem a higiene do sono, como forma de prevenir o surgimento ou o agravamento de distúrbios do sono. A prática consiste em uma série de hábitos que devem ser integrados para que o sono seja naturalmente regulado. Dentre as recomendações, está reduzir a luz do ambiente e evitar telas por pelo menos uma hora antes de se deitar.Monica Andersen também indica deitar-se somente quando o sono chegar e evitar discussões antes de ir dormir. Para ela, conflitos com familiares ou parceiros devem ser deixados para o dia seguinte, de modo que se leve a menor quantidade de problemas para a cama. “Devemos entender que o sono é o hábito que mais nos causa bem-estar, pois afeta diretamente todas as outras áreas da nossa vida. Então quando dormimos bem, a tendência é que o dia seja melhor e mais produtivo”, lembra.A duração do sono varia de pessoa para pessoa, mas o ideal é entre seis e oito horas contínuas de descanso.Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/Fonte: Metrópoles