Toda tradição, por mais antiga e naturalizada que seja, possui uma história – um início e um caminho que explica como determinada festa, gesto ou mesmo objeto se tornou parte dos hábitos do mundo, e é esse o caso das árvores de Natal.
As celebrações dos últimos dias de dezembro acontecem há milênios, muito antes das festas se tornarem cristãs: nas sociedades agrarias, o 25 de dezembro se referia ao solstício de inverno, e é dessa origem ancestral que a presença e decoração das árvores surge.
Cerca de 3 mil anos antes de Cristo, principalmente na Europa e na Ásia, as árvores já eram consideradas sagradas, especialmente aquelas perenes, que resistiam ao frio do inverno – como o pinheiro, que costumava ser levado para dentro dos lares e decorado de forma similar ao que fazemos hoje, para a festa do solstício, a noite mais longa do ano, que também representava o início da volta do sol e do calor. Segundo consta, os povos germânicos colocavam presentes para as crianças ao pé das árvores, em homenagem a deuses típicos como Odin.
A relação da árvore de Natal com a Alemanha
A origem da árvore de Natal moderna é incerta, mas sua popularização provavelmente começou no século 16 com os protestantes alemães, especialmente Martinho Lutero, que, conta a lenda, teria adotado o hábito e passado a decorar com velas uma árvore em sua casa para o Natal e o ano novo. Curiosamente, porém, durante muito tempo os puritanos ingleses proibiram o Natal, tanto no país quanto nas colônias, incluindo os EUA, por falta de legitimidade bíblica a respeito do dia da morte de Jesus – e, por isso, as decorações de Natal eram proibidas e passíveis de multa.
-J.R.R. Tolkien ilustrou cartas do Papai Noel a seus filhos de 1920 a 1943 As árvores, portanto, só realmente se popularizaram pelo mundo com a imigração alemã e a revolução protestante na Inglaterra, a partir do fato de que os membros da família real inglesa, proibidos de se casarem com católicos, começaram a se relacionar especialmente com os muitos nobres protestantes alemães – e começaram a também cultivar a tradição, de origem pagã, mas assimilada pelos cristãos, das árvores de Natal. Foi principalmente a rainha Vitória, especialmente popular e descendente de mãe e avó alemãs, que tornou, já no século 19, a montagem das árvores em hábito público e elegante, a ser copiado pela população.
Em 1870, os EUA reconheceram o Natal como feriado federal e, em 1923, o primeiro pinheiro foi montado na Casa Branca. Na América Latina e no Brasil, o hábito também só ganhou força no século 20, levando muitas famílias a decorar, com bolas, luzes, presépios e faixas, árvores de verdade ou de plástico. Atualmente, mesmo países que não são predominantemente cristãos, como o Japão, a China ou os Emirados Árabes, também montam árvores em espaços comunitários ou shoppings durante o período: o Natal, afinal, se tornou também a festa mais comercial de todo o ano, e as próprias árvores de natal são hoje produtos de alto valor.
Fonte: Hypeness