Muito interessado pela maneira como a sociedade consome produtos e gera resíduos, o fotógrafo estadunidense Gregg Segal documenta, de maneira artística, séries imagéticas que abordam questões como globalização, desigualdade e desperdício. Em projetos como “7 dias de lixo” — em que uma semana de objetos e alimentos descartados aparecem ao redor de quem os consumiu — e “Pão de Cada Dia” — no qual fotografias da alimentação cotidiana de famílias de diferentes nacionalidades são apresentadas —, o artista provoca reflexões sobre o que realmente é necessário para sobreviver e o que é apenas luxo.
Em entrevista ao podcast “Top Artist” do site “My Modern Met“, Gregg compartilhou um pouco de suas experiências e aprendizados com cada projeto fotográfico autoral. “Fotografia sempre foi o meu meio de enxergar o mundo”, diz o artista. “Me forneceu uma oportunidade de demonstrar minhas impressões.” – O que crianças brasileiras de diferentes realidades comentadas em
Para Gregg, os projetos em que documenta o lixo são como “arqueologia instantânea”. “As coisas que nós jogamos fora contam uma história não apenas sobre o que nós consumimos, mas também sobre quais são os nossos valores”, explica. “Essas mesmas coisas também contam a história não apenas sobre a nossa saúde, mas também ‘falam’ sobre a saúde do planeta.” Ao falar sobre globalização, Gregg cita o Brasil ao exemplificar as consequências alimentares do fenômeno que notou durante as próprias pesquisas. “O Brasil é um país em que, há cerca de 34 anos, crianças não tinham o suficiente para comer, e, agora, 57% da população está acima do peso ou é obesa”, diz. “Uma grande parte disso se deve à globalização e aos alimentos ultraprocessados que saturaram os mercados.”
Por outro lado, o fotógrafo também chama atenção para a diferença de realidades socioeconômicas em que, em algumas localidades, é barato consumir fast food, mas é caro comprar alimentos naturais e frescos, enquanto em outras regiões ocorre o exato oposto. “Aqui, nos Estados Unidos, as pessoas mais pobres costumam ser as maiores consumidoras de fast food, porque é barato e conveniente. Mas em Mumbai, na Índia, uma pizza média da Domino’s custa cerca de 30 dólares, o que está muito além dos ganhos de grande parte da população”, diz Gregg.
Para acompanhar o trabalho de Gregg Segal, é possível seguir o artista no Instagram (@greggsegal).
Fonte: Correio Braziliense