Um método brasileiro de ressocialização de presos, que já foi copiado por 23 países, é capaz de reduzir a reincidência de crimes de 85% para 8%.
E mais que isso: ele derruba em quatro vezes o custo de cada detento, em relação ao que o Estado gasta com encarceramento.
O trabalho diferenciado é feito pela Apac, Associação de Proteção e Assistência a Condenados e mostra como é possível reintegrar ex-detentos à sociedade, sem que a maioria volte a cometer crimes.
Os Caçadores de Bons Exemplos, Iara e Eduardo, conheceram de perto a aplicação do método em Itaúna, Minas Gerais e viram como ele tem transformado prisioneiros em cidadãos, reduzido a violência fora e dentro dos presídios e diminuído a criminalidade.
“O trabalho que encontramos ali, parecia de utopia de filme. Não tinham armas, policiais. Os presos tinham a dignidade de serem tratados como gente e a oportunidade de serem de fato reintegrados à sociedade. A transformação era nítida e perceptível a qualquer um que entrasse ali”, afirmam Iara e Eduardo.
Como
A Apac de lá é coordenada pelo Valdeci Antônio Ferreira.
Ele conheceu projeto – criado pelo advogado e jornalista Mário Ottoboni, em 1972, em São José dos Campos. “Ninguém é irrecuperável”, dizia Ottoboni. (foto abaixo)
“Quando cheguei lá, vi que os presos eram tratados como pessoas, os direitos humanos eram respeitados, os deveres eram cobrados; não havia armas, não havia policiais! Era um sonho que descobrimos que poderia ser real”, disse.
O método foi criado para recuperar o preso, proteger a sociedade, promover justiça e socorrer a vítima.
Ele trabalha com 12 estratégias que incluem cursos de formação, trabalho na prisão, acompanhamento médico e psicológico, tratamento de dependências, participação da família, assistência jurídica e espiritualidade.
Valdeci levou modelo de trabalho para Minas, que começou a ser disseminado e servir de inspiração.
Redução da violência
Segundo ele, foi um desafio convencer autoridades a implantar o projeto na cidade.
“Não foi fácil levar para uma comarca do interior, como é a cidade de Itaúna, um projeto de tamanha grandeza. Foi um trabalho duro de convencimento das autoridades e uma luta para derrubar os preconceitos da sociedade, tirar do inconsciente coletivo aquela ideia ferrenha de que ‘bandido bom é bandido morto’”, conta.
Valdeci diz que precisou fazer um trabalho de convencimento.
“Não se muda toda uma cultura da noite para o dia, são necessárias décadas, muitas vezes. Foi um trabalho de formiguinha, sem trégua, até convencer as pessoas”, afirmou Valdeci.
A construção
E mesmo com as dificuldades e lutas diárias para que a desconstrução do preconceito e as barreiras do medo fossem vencidas, aos poucos a Apac de Itaúna foi sendo estruturada.
Eles ganharam um terreno, via doação, e iniciaram uma série de campanhas para construir o Centro de Reintegração Social.
“A Apac é o resultado da sociedade civil organizada que toma consciência do problema prisional, que se cansou dos altos índices de violência e criminalidade e quer dar um basta”, diz.
“Eu não tenho dúvidas de que este século será marcado pela experiência das unidades. Tanto é verdade que 23 países do mundo já conhecem a metodologia, que é genuinamente brasileira, e aplicam parcialmente o método em nações nos cinco continentes”, disse.
Atualmente, são dezenas de outras Apac’s, em diferentes estágios de implantação, em todo o Brasil.
Elas são congregadas pela Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como missão manter os propósitos das suas filiadas e ajudar a multiplicar as Apacs.
Fonte: Só notícia boa