Até 300 pacientes com diabetes tipo 1 serão beneficiados no DF com o uso de uma tecnologia pioneira na saúde pública para monitorar a glicose. A novidade utiliza sensores em vez das picadas no dedo, enquanto um médico avalia os resultados a distância. O aparelho foi apresentado pela Secretaria de Saúde (SES) nesta sexta (27) e estará disponível aos primeiros pacientes na próxima semana.
Uma demonstração da tecnologia foi feita pelos gestores da pasta durante o lançamento do novo programa para monitorização contínua de glicose, que utiliza o sistema Flash – único no mundo para esse tipo de tratamento. O processo se dá por um sensor pequeno, descartável e à prova d’água que fica no braço do paciente durante 14 dias. Por meio de um aparelho recarregável, é feita a leitura do sensor para transmitir diariamente os dados ao médico.
O usuário precisa apenas passar o leitor do aparelho perto do sensor para ver os resultados, que aparecem de forma instantânea. Além da glicemia do momento, o sistema informa a tendência de glicose demonstrada no leitor pelo sinal de uma seta, sendo ainda capaz de armazenar dados glicêmicos dos últimos 90 dias. Os pacientes devem fazer, no mínimo, sete escaneamentos ao longo do dia, de forma simples e prática.
Em um primeiro momento, os aparelhos serão entregues nos ambulatórios localizados do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh), que funciona na Asa Norte. A expectativa é que, com o tempo, outros ambulatórios para tratar diabéticos do DF também possam oferecer a tecnologia.
Prioridade
Os diabéticos do tipo 1 foram escolhidos por apresentarem um quadro mais complexo de tratamento. Normalmente, são pacientes que precisam aplicar insulina até quatro vezes por dia, além de monitorar por mais vezes as taxas de glicemia no sangue. Já os que têm diabetes do tipo 2 iniciam o tratamento à base de comprimidos, que são ministrados durante anos.
De acordo com a Referência Técnica Distrital (RTD) em Endocrinologia e Diabetes da Secretaria de Saúde, Eliziane Leite, os pacientes com diabetes tipo 1 já estão sendo selecionados para receber os primeiros sensores. A prioridade tem sido para os casos mais críticos, além de gestantes e crianças de até sete anos, por serem mais sensíveis à doença e sofrerem mais riscos.
“Com essa tecnologia, podemos trazer muitos benefícios aos pacientes, sendo proativos no tratamento e não esperando que venham de mês a mês às consultas com dados já defasados da glicose”, resume a médica. “Isso traz mais qualidade de vida para eles, mas para ter acesso, os pacientes precisam estar dentro do perfil.”
Atenção Secundária
O acesso da população será pela Atenção Secundária. Nas unidades, o médico endocrinologista responsável pelo paciente com diabetes tipo 1 identifica a necessidade e se o caso está dentro dos critérios de inclusão para uso desses aparelhos. Em caso positivo, o profissional de saúde responde ao questionário eletrônico, preenche um relatório e o paciente encaminha esses documentos por e-mail para análise, aguardando até ser selecionado.
Quando for chamado, o paciente deverá participar de reuniões educativas sobre a funcionalidade do aparelho, assinando um termo de compromisso para, então, buscar os sensores, que deverão ser trocados de 14 em 14 dias.
“Na medida em que formos observando a dinâmica dos pacientes e o uso adequado e responsável dos sensores, pretendemos expandir o uso”, adianta Eliziane. “Estimamos alcançar 750 pacientes com diabetes tipo 1, mas ainda é precoce dizer em quanto tempo isso vai acontecer.”
Monitoramento simplificado
Para a gerente do Cedoh, Alexandra Rubim, o acesso à tecnologia vai garantir aos pacientes do DF o gerenciamento melhor dos índices de glicose e uma facilidade maior para monitorar a doença. “O DF segue sempre à frente, sendo pioneiro ao trazer essa tecnologia para o SUS, o que traz muito orgulho a todos nós”, avalia.
“O DF segue sempre à frente, sendo pioneiro ao trazer essa tecnologia”
Alexandra Rubim, chefe do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão
Os equipamentos foram adquiridos pela SES por meio de licitação. “Fazemos isso para evitar que se gaste mais no futuro com o tratamento de um paciente mais grave”, afirma o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez. “A prevenção e a qualidade de vida dos pacientes são os melhores caminhos, principalmente para os que são crônicos e precisam de um maior estreitamento nos laços com a Secretaria de Saúde”.
* Com informações da SES
Fonte: Agência Brasília