

Mãe e filha tentaram fazer uma foto abraçada na Praia do Sueste, em Fernando de Noronha, na última sexta (11) quando foi abordada por um funcionário do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que teria recebido queixa “por ato entre as duas mulheres”.
Segundo o G1, a administradora catarinense Karina Ramos Karina, que estava acompanhada do marido, da mãe e do padrasto, conta que o fiscal não foi grosseiro, mas chegou perguntando: “‘vocês conhecem as regras do Parque?”.
Mãe e filha contam que acharam que poderiam ter feito algo de errado, nadado em alguma área imprópria. O fiscal continuou: “é porque eu recebi uma queixa de um pessoal ali de cima por conta do ato entre as duas mulheres”.
A filha relata ainda que a mãe dela se deu conta de que o ato mencionado pelo fiscal poderia ter sido a pose para uma foto que as duas haviam tirado abraçadas na areia cerca de cinco minutos antes da abordagem.
Ao explicarem que se tratava de uma mãe e filha tirando uma foto abraçadas, o fiscal tentou despistar o assunto, falou que era para elas esquecerem que aquilo tinha acontecido. Karina ainda perguntou se teria problema se fossem lésbicas e ele disse que não era para se preocupar, porque não era o caso”, afirmou a administradora.
“Eu já me dei conta na hora que era por conta de algo preconceituoso, homofóbico. A gente estava viajando há seis dias, cada uma com seu marido, e não tinha acontecido nenhum problema. Quando dissemos que éramos mãe e filha, eu vi que ele [fiscal] ficou todo sem jeito”, disse Karina.
Mãe e filha
Segundo a catarinense, a família permaneceu na praia por cerca de 15 minutos e, ao saírem do local, perceberam que o vidro dianteiro do buggy que estavam utilizando havia sido quebrado. Ao procurar a polícia, a turista relatou não ter conseguido oficializar a queixa sobre o dano ao veículo.
Karina, no entanto, registrou queixa do ocorrido pela internet, por indicação de funcionários da pousada em que a família se hospedou. Por meio de nota enviada ao G1 na terça (15), a Polícia Civil informou que “os fatos relacionados ao caso serão apurados”.
Mãe e filha não conseguiram ajuda da polícia
Em nota, a Polícia Civil diz que mãe e filha foram informadas de que “somente o boletim de ocorrência não excluiria a responsabilidade civil pelo dano ao carro locado, em razão da relação contratual”.
“A sensação que a gente ficou foi a de medo, quando a gente viu o buggy quebrado. E se só estivéssemos eu e minha mãe, como já fomos outras vezes? Talvez eu passe só umas duas vezes por essa situação na vida, mas e se nós fôssemos um casal, qual seria o problema? Pessoas gays não podem ir a Noronha?”, questionou a turista.
Por meio de nota, a EcoNoronha, concessionária responsável por prover serviços de infraestrutura, alimentação, recepção de público e conscientização ambiental no Parque Nacional Marinho, disse ter entrado em contato com Karina “como forma de se solidarizar e demonstrar acolhimento, repudiando toda e qualquer forma de discriminação que a família possa ter sofrido”.
Fonte: Põe na roda