A retratação do depoimento que Débora Melo Saraiva, ex-namorada do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, fez à polícia revelou que, após uma festa de aniversário em que foi na companhia do parlamentar, o filho dela retornou para casa com uma fratura no fêmur. Ele disse à ex que gostaria de sair sozinho com a criança porque, de acordo com o político, sua ex-mulher, a dentista Ana Carolina Netto, não o deixava ver o próprio filho.
Dr. Jairinho segue preso com a atual namorada, a professora Monique Medeiros, desde 8 de abril, por obstrução de justiça e interferência nas investigações do homicídio duplamente qualificado do menino Henry Borel, de 4 anos, filho dela, assassinado no apartamento do casal na noite de 8 de março. O vereador é investigado por agressões a três crianças.
Henry foi morto com múltiplas agressões e seu corpo apresentava hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na cabeça; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; e laceração no fígado, entre outros sinais de contusões, de acordo com laudo do Instituto Médico-Legal (IML).
“Deixa eu levar ele. Porque a Ana não deixa eu levar o meu filho, não deixa eu ver o meu filho. Deixa eu levar o seu, eu que cuido, eu que sou o pai. Só quero levá-lo para se divertir”, teria dito o vereador expulso do partido e, por isso, atualmente, sem legenda.
De acordo com o documento, Débora conta após ser informada que o filho teria torcido o joelho, médicos de uma clínica particular da Barra da Tijuca, na zona oeste, constataram que ele tinha, na verdade, uma fratura no fêmur. A mãe afirmou ter estranhado o fato de o filho não ter chorado em nenhum momento, mesmo diante da lesão grave, descobrindo, em seguida, que o menino sofria ameaças do parlamentar.
Hoje, aos 8 anos, o garoto relatou para a mãe que, em 2015, quando tinha menos de 3 anos, foi vítima de outra violência de Jairinho. O garoto relatou que o vereador colocou um papel e um pano em sua boca, avisando que ele não poderia engoli-los. O vereador deitou a criança no sofá da sala, subiu no móvel e pisou com os pés sobre o corpo do menino.
Nesse novo relato aos policiais que investigam a morte de Henry, na madrugada do dia 8 de março, dentro de casa, Débora disse que “não é capaz de contabilizar” as inúmeras agressões de que foi vítima. Em 2020, quando os dois estavam na casa da família de Jairinho em Mangaratiba, a estudante diz ter sido agredida porque tentou impedi-lo de ler o conteúdo do seu celular.
Ela narrou que recebeu um “mata leão”, foi arrastada pela casa e mordida três vezes no couro cabeludo. Em outra ocasião, no mesmo ano, Débora teria sido chutada por Jairinho, o que provocou a fratura de um dos seus dedos do pé, que foi imobilizado numa clínica particular no Méier.
Débora contou que, sempre após as explosões de fúria, quando questionado sobre o motivo de seu comportamento, Jairinho reagia como se nada tivesse acontecido. “Tá maluca? Eu não fiz isso. Eu não fiz nada”, respondia, de acordo com ela.
Fonte: Metrópoles