

Xuxa Meneghel ganhou um episódio especial do programa “Superbonita”, no GNT, para comemorar seu aniversário que aconteceu em março. Quase um mês depois, o presente acabou ficando amargo para a loira. Um trecho da entrevista dada pela rainha dos baixinhos para Taís Araújo viralizou na internet e não agradou.
Xuxa foi duramente criticada nas redes por dizer a Taís que gostaria de ser uma mulher negra em uma próxima encarnação. “Taís, eu gostaria de vir com a sua cor, seu cabelo, sua pele”, disse Xuxa. Taís, então, rebateu que “ser preta não é mole não. Depois te conto o que é vir preta nesse país e nesse mundo”, alertou a atriz se referindo aos obstáculos impostos pelo racismo.
Parece que, para Xuxa, o argumento de Taís significou algo relacionado à autoestima e não a racismo, pois ela disse em seguida que “ia me amar muito, ia me olhar no espelho toda hora”, continuou Xuxa. Taís não deixou de explicar. “Eu também me amo, mas o problema não sou eu. É o mundo lá fora”, disse.
Depois que Xuxa insistiu na ideia, Taís encerrou a conversa com um conselho. “Pede pra vir com o espírito preparado pra aguentar bomba também”, concluiu Taís, ao que a loira afirmou que aguentaria por causa de “tudo o que já passou nessa vida”.
Xuxa se envolve em barraco durante debate sobre veganismo na Internet O vídeo acabou viralizando no Twitter e levou o nome de Xuxa para lista de assuntos mais comentados. A repercussão negativa deu o tom de como a fala de Xuxa foi recebida pelo público. Já Taís foi aplaudida pela paciência de tentar educar a apresentadora.
Um motivo para a entrevista com Taís Araújo não ter viralizado logo em março pode ter sido outra polêmica protagonizada por Xuxa protagonizou no mesmo mês. Assunto que também está relacionado com raça e classe social.
Em entrevista à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), a rainha dos baixinhos defendeu a ideia de Joseph Mengele, de que presos deveriam ser utilizados para testagem de remédios e vacinas. Com o comentário, Xuxa representou a ignorância, racismo e um pensamento recorrente da elite brasileira: a de que quem está na cadeia não é mais gente. “Acho que pelo menos serviriam para alguma coisa antes de morrer, para ajudar a salvar vidas com remédios e com tudo. Aí vem o pessoal dos Direitos Humanos e dizer que não podem ser usados. Mas se são pessoas que está provado que irão passar sessenta, cinquenta anos na cadeia e que irão morrer lá, acho que poderiam usar ao menos um pouco das vidas delas para ajudar outras pessoas. Provando remédios, vacinas, provando tudo nessas pessoas”, disse a apresentadora.
Xuxa se engana ao acreditar que muitos dos presos brasileiros estão nessa condição por “crimes provados”. Um terço dos presos no Brasil são detidos por prisões preventivas, muitas vezes por crimes leves ou sem vítimas. Dos mais de 700 mil presos que temos no país, 31% não recebeu uma condenação ou sequer foram julgados.
Também passa longe a estimativa da apresentadora de que presos irão passar “sessenta, cinquenta anos na cadeia”, já que são raros os casos de pessoas que permanecem mais de 30 anos na cadeia. Quem passa mais tempo detido é geralmente recluso em instituições psiquiátricas (famoso exemplo é o de Chico Picadinho, que está sob custódia desde 1978, há 43 anos). – Xuxa detalha abusos sofridos e diz ‘querer emprestar voz’ para crianças Por fim, a apresentadora não considerou que, para falar de sistema carceráreo no Brasil, é preciso falar de raça: 66,7% ou dois terços dos presos brasileiros são negros. Inclusive, nos últimos anos, o número de pretos presos cresceu 14% enquanto o número de presos brancos presos caiu 19%. Xuxa se desculpou pela fala com um vídeo onde recebe homenagens de pessoas negras por seu aniversário.
Fonte: Hypeness