Goiânia – O garoto de apenas 12 anos, alvo de aliciamento e tentativa de estupro por parte de um capitão da reserva da Polícia Militar de Goiás (PMGO), em Rio Verde, no sudoeste do estado, está traumatizado. Ele está com medo até de sair de casa e não quer mais ficar sozinho.Desde que o caso veio à tona, na segunda-feira (2/8), a mãe conta que ele está com receio de encontrar pessoas, sair da própria residência e teme ficar sem a companhia de alguém da família por perto. O garoto está ficando na casa de uma tia, enquanto a mãe trabalha.“Começou a surgir o medo de sair de casa e ele não quer ficar sozinho hora nenhuma. Ele ainda não conseguiu voltar para a escola”, contou ela ao Metrópoles.Apesar de Rio Verde ser uma cidade média para os padrões de Goiás, conhecida nacionalmente pelo agronegócio, com 241,5 mil habitantes, acaba que muitos se conhecem, e a história se espalhou rapidamente.Pessoa conhecida
O capitão da PM que tentou seduzir o garoto e que chegou a marcar um encontro com intenções de levá-lo para o motel era subcomandante do Colégio Militar do município – Colégio Carlos Cunha Filho.Evangélico e policial respeitado na cidade, por exercer a função no local há muitos anos, era conhecido pela rigidez na escola. No entanto, foi esse mesmo personagem que trocou mensagens com o menor e com um primo dele, de 18 anos.A conversa correu sem que o militar soubesse que os pais do garoto é que estavam do outro lado, monitorando e tentando descobrir a pessoa que queria estuprar o adolescente.Os prints do diálogo foram entregues à polícia como prova. Nas conversas é possível ver a proposta do policial aos primos, quando ele foi questionado sobre o local para o qual seriam levados em um possível encontro: “Motel, topam?”“Acreditar no meu filho foi a melhor coisa”
A mãe do garoto trabalha como assistente social e diz que a experiência profissional defendendo o direito das pessoas foi importante para que ela tivesse a calma e a sabedoria para conseguir agir, quando precisou lutar e proteger a própria família.“O diálogo foi muito importante e essencial. Acreditar nas palavras do meu filho foi a melhor escolha. Eu não sabia jamais que era um policial, o que só agravou o caso. A todo momento eu pensei que precisava de uma foto dele, pelo menos, para fazer a denúncia da melhor forma possível”, conta ela.Encontro marcado
O policial, que tem 59 anos de idade, combinou o encontro com o adolescente em um posto de gasolina de Rio Verde, na noite de domingo (1º/8). Ele não imaginava que o pai e a mãe do menino estavam sabendo de tudo.O pai e o menor foram até o local, com tudo já combinado para conseguirem descobrir a identidade do pedófilo. “Posso ir pra gente dar uns amassos? A gente fica só uns 20 minutos”, escreveu o capitão na troca de mensagens.No posto, o adolescente caminhou até o carro do policial, conforme o planejado, chegou a entrar e se sentar no banco da frente. Na mesma hora, com as portas destravadas, o pai do garoto também entrou no veículo e se sentou no banco de trás. Ele agarrou o PM por trás e o segurou até a chegada da polícia.“Eu não sabia que ele era um policial militar. Nem imaginava”, afirma o pai.A descoberta aconteceu dentro do carro. O capitão informou que era um policial, mas o pai do menor desconfiou, pois ele estava descaracterizado, sem farda. Assim que os policiais civis chegaram, a informação foi confirmada.Preso e afastado da função
Preso em flagrante por aliciamento de menor e investigado, agora, por tentativa de estupro de vulnerável, o capitão foi afastado da função e transferido para o Presídio Militar, em Goiânia.Nessa terça-feira (3/8), a Justiça acatou o pedido do Ministério Público de Goiás (MPGO) e decretou a prisão preventiva dele.Em nota divulgada na segunda-feira, a PMGO informou o afastamento imediato e o retorno dele à reserva da tropa. Um Procedimento Administrativo Disciplinar também foi instaurado para apurar o caso.“A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros e que o caso será apurado com o rigor devido”, diz o texto da nota.Fonte: Metrópoles