Nem todo mundo que pega Covid-19 e se cura sai da experiência com o emocional intacto. Aliás, a maioria não sai. Essa foi a constatação de um estudo chinês publicado no periódico científico Neurobiology of Stress.
Os pesquisadores investigaram o cérebro e como as pessoas que venceram a doença lidavam com o seu estado emocional e descobriram que a maioria delas desenvolveu estresse pós-traumático e padrões anormais de conectividade cerebral.
Os estudiosos também relataram casos de alteração nas funções sensoriais e motoras na maioria dos 50 voluntários da pesquisa que contraíram o novo coronavírus entre fevereiro e março de 2020, em Wuhan, na China. Eles foram avaliados depois de seis meses, quando saíram do hospital e retornaram às suas residências. O grupo passou por exames de ressonância magnética cerebral e por uma análise do bem-estar emocional. Os resultados foram comparados aos de outros 43 voluntários que não tiveram Covid-19.
O psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, Rodrigo Leite, declarou à Agência Einstein que o estudo revela que doenças graves realmente prejudicam a saúde mental. “Pessoas que permaneceram muito tempo em terapias intensivas ou que tiveram grande risco de morrer desenvolvem estresse pós-traumático com maior intensidade”, afirmou o médico.
Sinais de estresse pós-traumático
Quando uma pessoa passa por um trauma, como um acidente, uma doença grave ou uma situação que cause um grande impacto emocional, geralmente se desenvolve o estresse pós-traumático.
Os principais sintomas, segundo os especialistas, são relativos à vivência dos fatos que o marcaram ou causaram o trauma, deixando a pessoa em constante estado de alerta e causando alterações do sono, irritabilidade, falta de apetite e aumento do consumo de drogas e bebidas alcoólicas. A frequência desses sintomas pode acarretar ainda em ansiedade, síndrome do pânico e depressão.
Os psiquiatras dividem, ainda, o estresse pós-traumático em agudo (com duração de um a três meses depois do evento) e crônico (mais de três meses). Os especialistas sugerem procurar ajuda profissional diante de qualquer sintoma para que os médicos definam o tipo de tratamento ideal para cada situação.
Fonte: Metrópoles