A mulher trans Juju Oliveira tem passado por problemas de saúde após a aplicação de silicone industrial líquido em seu rosto. A transsexual gaúcha está tentando arrecadar uma verba para conseguir realizar uma cirurgia que amenize os efeitos que o procedimento cirúrgico causou em seu rosto.
“O que fizeram para mim foi uma maldade, estragaram meu rosto, botaram óleo na minha cara. Não fizeram o que pedi. Tinha um rosto bonito, procurei para ficar mais bonita… E acabaram fazendo isso por maldade mesmo. Cada dia que passa está mais inchado. Não é fácil”, desabafou ela, no Instagram. – Prefeitura de São Paulo vai pagar salário mínimo para transexuais e travestis estudarem “Eu, Ju, estou com o rosto muito inchado. O que mais preciso no momento é de uma cirurgia. Já estou decidida e preparada para operar, enfrentar tudo. Porque, do mesmo jeito que eu fiz tudo sozinha para procurar esse problema, vou ter que fazer sozinha para resolver. Acredito, sim, que vou operar. Quando? Eu não sei, mas tenho certeza”, continuou.
Juju já chegou a arrecadar R$ 20 mil para realizar a cirurgia, mas acabou devolvendo o dinheiro por não conseguir chegar ao valor da cirurgia na época, R$ 45 mil. – Próteses defeituosas de silicone abrem espaço para indenizações milionárias
Silicone industrial é questão de saúde pública
Um estudo publicado na revista Caderno de Saúde Pública mostra que 49% das mulheres trans que moram no estado de São Paulo já fizeram o uso de silicone líquido industrial (SLI) para realizar alterações corporais. Dessas, cerca de 43% relataram problemas de saúde em decorrência do procedimento.
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A questão do silicone industrial é um problema de saúde pública para as travestis e transsexuais no Brasil. Além do procedimento ser bastante arriscado, ele acaba custando muito caro. Muitas das pessoas que fazem o procedimento acabam entrando no mundo da prostituição para pagar essas cirurgias, aponta a pesquisa. O ciclo acaba sendo vicioso, gerando outros problemas de saúde relacionados tanto à aplicação do SLI quanto à prostituição. Por isso, o estudo “Silicone líquido industrial para transformar o corpo: prevalência e fatores associados ao seu uso entre travestis e mulheres transexuais em São Paulo, Brasil” propõe que o SUS atue de forma mais presente para reduzir esses problemas de saúde: “Os achados evidenciam a necessidade urgente da ampliação de estratégias de atenção à saúde de travestis e mulheres transexuais, incluindo a revisão do Processo Transexualizador no SUS, de modo a diferenciar e oferecer os procedimentos de modificação corporal, seja terapia hormonal, cirurgias plásticas, bioplastia ou a colocação de próteses de silicone, não como um pacote único, mas adequados às necessidades de cada pessoa, reconhecendo a diversidade das demandas de saúde como parte da construção da identidade de gênero, assim como a singularidade com que cada indivíduo vivencia esse processo de transição, assegurando de fato uma atenção integral à saúde”, diz o texto.
Fonte: Hypeness