O uso irrestrito de editores como Photoshop ou Facetune alterou não somente os rostos e corpos em publicidades e ensaios fotográficos, mas também a própria forma com que hoje olhamos e consumimos tais imagens. Hoje não resta mais dúvidas que as fotos não representam a realidade em forma alguma, e as tantas matérias revelando os bastidores ou a verdade por trás de campanhas ou postagens nas redes sociais confirmam a dimensão de tais alterações – mas será esse um fenômeno de fato recente? Uma reportagem no site Bored Panda demonstra que a manipulação de imagens é recurso muito mais antigo do que costumamos imaginar.
Os exemplos compilados foram descobertos no livro Complete self-instructing library of practical photography, um guia inicialmente publicado em 1909 ensinando técnicas fotográficas, bem como truques impressionantes de correção e alteração das imagens registradas – para, segundo o texto, “eliminar imperfeições”, tornando “pescoços grossos em finos, corrigindo narizes tortos, adicionando cabelo e alterando fundos”.
Fotos manipuladas antes do Photoshop
As edições eram feitas manualmente, diretamente nos negativos das fotos
Em suma, a manipulação das fotos é praticamente tão antiga quanto a própria invenção da fotografia, e tornou-se recorrente e popular especialmente após o uso das chamadas “placas secas” em negativos, que tornou as fotografias mais detalhadas e precisas. Muitos anos antes do advento das imagens digitais e dos softwares de edição, porém, as tais “correções” no passado eram feitas manualmente, com estiletes, lápis e pincéis diretamente nos negativos fotográficos, em trabalho incrivelmente detalhado e mesmo artístico.
E os resultados impressionam mesmo aos olhos contemporâneos, tão acostumados com a precisão digital do Photoshop e similares. Enquanto alguns exemplos são até hoje postos em prática em editoriais de moda e imagens publicitárias, como o apagamento de sinais e pintas ou a redução de curvas e formas do corpo humano, alguns casos ilustrados no livro espantam: olhos estrábicos são corrigidos, olhos fechados são “abertos”, roupas são alteradas, pessoas são retiradas das fotos e até mesmo imagens de estátuas são trazidas “à vida”, feito fossem pessoas de fato. O livro está disponível na íntegra no site Internet Archive, e pode ser visto aqui.
Fonte: Hypeness