Dois comunicadores brasileiros tiveram suas trajetórias profissionais violentamente afetadas na última semana por episódios de associação à ideologia nazista. Bruno Aiub, o Monark, e Adrilles Jorge perderam seus empregos, respectivamente no Flow Podcast e na Jovem Pan, e sentiram o impacto da repercussão no número de seguidores no Twitter. O resultado, porém, foi diferente para cada um deles.
Monark caiu em desgraça após defender, em episódio do Flow Podcast no último dia 7 de fevereiro, que a existência de um partido nazista deveria ser permitida no Brasil. Diante da repercussão, ele pediu desculpas e tentou se justificar dizendo que estava bêbado, mas acabou cortado da atração que ajudou a criar.
Em seu perfil no Twitter, Monark viu o número de seguidores cair depois da demissão. Ele perdeu 7,6 mil seguidores na plataforma entre 9 e 15 de fevereiro e, quando esta reportagem foi produzida, no dia 16, tinha 1,208 milhão de seguidores.
Na semana anterior à polêmica, entre 2 e 8 de fevereiro, o podcaster estava em ascensão suave na rede e havia ganhado 630 seguidores.
O episódio, no entanto, rendeu engajamento ao ex-apresentador do Flow. Uma postagem de 10 de fevereiro em que Monark diz que pode ter errado, mas se acha vítima de um “linchamento desumano“, foi catapultada ao terceiro lugar entre seus tuítes mais curtidos, com 48,9 mil “likes”.
Os dados foram obtidos na plataforma Social Blade pela reportagem do Metrópoles.
Desempregado, Adrilles fica mais popular
Já o ex-colunista da Jovem Pan News e ex-BBB Adrilles Jorge ganhou 18,5 mil seguidores no Twitter entre os dias 9 e 15 de fevereiro, após o gesto que levou à sua demissão. Na prática, mais que triplicou a quantidade de perfis que passaram a segui-lo em relação à semana anterior.
Relembre a participação que levou Adrilles a ser acusado de fazer apologia ao nazismo:
Até a quarta-feira (16/2), Adrilles era seguido por 490,5 mil perfis no Twitter. Na semana anterior à sua demissão, ele havia ganhado 3,9 mil seguidores. Na semana a partir do dia 9 de fevereiro, foram 18,5 mil a mais, uma alta de 372% no interesse em segui-lo.
Além disso, ele tem se engajado muito na rede. Comentários relacionados ao episódio ganharam grande repercussão. O anúncio de ter sido demitido da Jovem Pan se tornou o tuíte mais curtido de Adrilles, com 53,6 mil likes. Nele, o ex-BBB alega ter sido demitido “por dar um tchau deturpado por canceladores”.
Atualmente, quatro dos cinco tuítes mais favoritados de Adrilles Jorge guardam relação com o caso. O quinto colocado trata-se de um comentário que, segundo análise do jornal O Estado de S. Paulo, está distorcido. “OMS conclui que assintomáticos raramente transmitem o vírus chinês. Você, que ficou em casa, sem sintoma, sem trabalho, sem dinheiro, foi feito de bobo. Te tiraram a liberdade, o sustento em nome de pseudociência. Não foi por vidas. Foi por política. Pra lucrarem com sua tragédia”, escreveu o ex-BBB.
A diferença de tratamento
Além de perderem seus empregos, Monark e Adriles entraram na mira de órgãos de investigação, como o Ministério Público, e foram amplamente “cancelados” nas redes. Mas diferenças na repercussão de cada caso no ambiente digital pode ajudar a explicar a distinção de desempenho deles na conquista ou perda de seguidores.
Monark admitiu seu erro e pediu desculpas. Desde então, apesar de ter indicado que pretende lançar novo podcast no futuro, ele se manteve relativamente longe da exposição e não teve defensores de peso.
Já Adrilles negou desde o primeiro momento ter feito a saudação nazista e sua desculpa, de que estava dando tchau, foi comprada por uma porção considerável dos perfis da direita conservadora.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP), por exemplo, defendeu Adrilles para seus 2,2 milhões de seguidores no Twitter. “Adrilles não incentivou nazismo ou defendeu a criação de um partido nazista. Aproveitadores na esteira de polêmicas recentes se aproveitam para cancelá-lo”, escreveu ele no dia 9 de fevereiro.
Fonte: Metrópoles