Um lote de cocaína envenenado matou 20 pessoas e deixou mais de 70 internados na região da província de Buenos Aires, na Argentina. As autoridades ainda não sabem qual é a substância que causou o envenenamento das pessoas e a o assunto tem sido tratado como questão de saúde pública no país.
A droga é vendida em papelotes rosas e é facilmente reconhecida pela polícia. A maioria do lote de cocaína envenenada estava concentrado na região de Puerto 8. Foram recolhidas até o momento mais de 35 mil doses pelas autoridades argentinas, mas uma longa investigação segue em curso. As autoridades de saúde indicaram que os sintomas comuns do envenenamento são paradas cardíacas e respiratórias logo após o consumo da droga. “Meu filho teve uma parada cardíaca e mal conseguia respirar. A ambulância demorou meia hora. Mas eu entendo porque foram muitos chamados, pelo mesmo problema, ao mesmo tempo. Meu filho é usuário de drogas desde os 14 anos, ele agora está entubado, mas tenho esperanças”, disse a mãe de uma vítima à imprensa argentina.
As autoridades argentinas não fazem ideia do que está acontecendo. “Isso é excepcional, não temos precedentes, o que nos leva a pensar que, qualquer que seja a substância, ela foi misturada intencionalmente. Não é um erro no processamento do material, ou não parece ser porque o resultado da perícia ainda não está pronta”, disse o procurador-geral da cidade portenha de San Martín, Marcelo Lapargo. A Polícia ordenou que todos os consumidores de cocaína joguem suas doses compradas nessa semana fora por uma questão de segurança.
De acordo com investigações recentes, estima-se que a substância misturada seja o Fentanyl, um opiáceo sintético comum nos EUA como substituto da heroína. Enquanto a cocaína acelera o sistema respiratório e cardíaco, os opiáceos fazem o movimento contrário, o que pode causar um grande problema no no corpo. Outras linhas de investigações assumem que uma outra substância mais mortífera pode ter sido colocada na droga, como venenos de rato e remédios anti-inflamatórios. É comum que o derivado da coca seja adulterada com outras substâncias para aumentar seu volume e reduzir os custos do tráfico.
“O sistema de saúde deveria estar atento e preparado para receber estas pessoas de forma urgente, não se sabe quantos podem estar nesta situação crítica. Esta situação deve ser enfrentada como uma crise sanitária de surto epidemiológico, como recomenda o CDC [Centro de Controle e Prevenção de Doenças]”, disse o presidente da Sociedade Latino-Americana de Infectologia Pediátrica, Roberto Debbag. A polícia supõe que a a cocaína adulterada tenha sido resultado de uma guerra de gangues locais para controlar o tráfico de drogas nas regiões próximas à capital Buenos Aires.
Fonte: Hypeness