Até pouco tempo atrás, a vida de Jimi Olaghere, era pautada por sua doença: portador de anemia falciforme, uma mutação genética que transforma o formato das hemácias, células sanguíneas responsáveis por carregar o oxigênio pelo corpo, sua condição lhe causava dor, sofrimento e preocupação constantes. Uma nova técnica, realizada pelo Sarah Cannon Research Institute, instituto de pesquisa em Nashville, nos EUA, se revelou capaz de contornar sua situação inteiramente, livrando-o da dor por completo através de um engenhoso processo científico e médico que “edita” o DNA do paciente.Segundo revelou a uma reportagem da BBC, o resultado do teste clínico do qual participou como voluntário em 2020 foi de tal forma positivo e transformador que, para Olaghere, foi como “nascer de novo”. Hoje com 36 anos, ele convivia com a doença, que costuma ter origem hereditária, desde a infância, e após participar um dos sete pacientes que iniciaram, nos EUA, os testes com o revolucionário tratamento de edição de genes, viu sua vida mudar, e hoje se encontra completamente sem dor. “Você tem de viver com um modo de pensar como o de uma guerra, sabendo que seus dias serão cheios de desafios”, afirmou, sobre sua condição antes do tratamento. “Quando olho pra trás, não consigo crer que vivia assim”, afirmou.Ao alterar o formato das hemácias, tornando as células do sangue normalmente circulares em um desenho semelhante ao de uma lâmina, a anemia falciforme atrapalha o transporte do oxigênio pelo corpo, causando cansaço constante e extremo, e principalmente crises agudas de dor, que exigem atendimento hospitalar imediato. Assim, para os portadores da doença, toda e qualquer viagem, por exemplo, se torna motivo de tensão, especialmente se o destino for um local isolado e sem acesso fácil a um hospital. Até então, a única possível solução definitiva oferecida era o transplante de medula, um procedimento invasivo, arriscado e de difícil realização.A nova terapia genética de “edição de DNA” se vale de um outro tipo de hemoglobina, proteína presente dentro das hemácias, que utilizamos quando ainda estamos no útero, conhecida como “hemoglobina fetal”. Mais eficiente e capaz de se ligar com mais moléculas de oxigênio, ela deixa de ser produzida após o nascimento: a técnica de edição, porém, “desliga” o gene responsável por essa troca pela hemoglobina normal, e faz com que o corpo volte a produzir o tipo fetal, mais eficiente e em formato “correto” – garantindo o transporte saudável do oxigênio e encerrando o quadro de dor e cansaço nos pacientes, e permitindo que Olaghere seja hoje a pessoa que ele “sempre sentiu internamente” que era, capaz, por exemplo, de sair para caminhar com seu filho sem qualquer preocupação.Fonte: Hypeness