Cuiabá gera diariamente em torno de 400 a 700 toneladas de material a ser descartado. Por isso, dar o direcionamento correto é importante para aumentar a vida útil do aterro, incluir os trabalhadores que lidam com o produto reciclável e, até mesmo, praticar uma boa ação. O LIVRE esclarece para você como fazer devidamente cada descarte.
O secretário adjunto de serviços urbanos da Empresa Cuiabana de Zeladoria e Serviços Urbanos (Limpurb), Anderson Matos, explica que a Prefeitura de Cuiabá realiza a coleta de lixo domiciliar três vezes por semana, em cada bairro da cidade. Nesse ponto, os cidadãos precisam observar qual a melhor maneira de organizar seu lixo orgânico, por exemplo, colocando em sacos plásticos fechados.
Matos lembra ainda que para o descarte de materiais inservíveis como sofás, camas, geladeiras, portas, janelas, entre outros, o “Cata-treco” que deve ser acionado. A iniciativa de direcionar os caminhões para fazer essa coleta, frisa o secretário adjunto, é importante para diminuir o despejo desses produtos em lotes baldios e leitos dos rios. O serviço é acionado pelo WhatsApp (65) 99243-6502 e pelo telefone (65) 3645-5518.
Material reciclável
Com relação ao material reciclável como papel, vidro, plástico, o poder público orienta pela realização da coleta seletiva, alguns condomínios da cidade já contam com o projeto, ou ainda o cidadão pode levar até algum ecoponto da Capital. Conforme a Limpurb, são três cooperativas e uma associação que funcionam como esses postos de recebimento.
Um outro ecoponto foi reinaugurado, desta vez funcionará até dezembro deste ano, em um supermercado localizado no Jardim Itália. Ali é possível doar os materiais recicláveis e ainda ajudar instituições e Organizações Não-governamentais (Ong) que abraçam as mais variadas causas.
A iniciativa é realizada pela Teoria Verde, Instituto Lixo Zero Brasil, Tudo Se Transforma, Lebrinha e Comper, e as empresas Canaã Recicláveis, Ecodescarte, Central de Reciclagem e Biomavi Reciclagem, responsáveis pelas coletas, reciclagem e doações, além de contar com a apoio da Prefeitura de Cuiabá.
Em 2021, o projeto funcionou durante 30 dias e teve grande adesão da população, arrecadando mais de 14 mil quilos de diversos resíduos recicláveis. Os R$ 5.389,25 resultantes da venda do material foram doados integralmente.
O ecoponto em supermercado localizado no Jardim Itália foi reativado em março e a verba adquirida com a venda dos materiais será revertida para diversas ações sociais (Foto: Divulgação)
No caso dos plásticos, o valor gerado foi de R$ 2.177,65, que foi dividido para as ONGs É o Bicho MT, Tampatinhas e Cão Cuidado Cão Amor.
Já o papel, papelão e Tetra Pak geraram R$1.230,90 para compra de kits escolares para crianças em projetos sociais. Os eletrônicos geraram R$1.027,00 para o Hospital de Câncer de Mato Grosso. O alumínio e metais geraram R$638,70 para o Abrigo Bom Jesus de idosos. O óleo de cozinha gerou R$315,00 e foi dividido para 12 escolas municipais que também arrecadaram óleo.
Além das doações e do desvio de recicláveis de aterros, o projeto gerou empregos para catadores que realizaram a triagem e preparação dos resíduos no Ecoponto para a coleta.
Uma recomendação importante nesses casos é que as embalagens que puderem ser higienizadas, que passem pelo processo de limpeza. Isso conserva o material e também é uma forma de cuidado e respeito com as pessoas que vão manusear aquela embalagem, para que não precisem lidar com a sujeira e mau cheiro.
Medicamentos
Farmácias, inclusive de manipulação, drogarias e estabelecimentos de distribuição de medicamentos contam agora com essas caixas para depósito dos produtos vencidos ou embalagens vazias (Foto: Divulgação)
Os remédios também têm uma forma correta de descarte. O Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Mato Grosso (Sincofarma-MT) explica que toda farmácia e drogaria tem um Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (PGRSS) para fazer o recolhimento, transporte e destinação dos medicamentos vencidos ou impróprios.
O sistema de logística reversa dos medicamentos domiciliares está previsto no decreto federal 10.388 de 2020. Conforme a legislação, as empresas localizadas nas capitais dos estados e municípios com mais de 500 mil habitantes devem disponibilizar recipientes para descarte de caixas com medicamentos vencidos ou em desuso pelos consumidores. A exigência para os municípios com população superior a 100 mil habitantes deverá valer a partir de 2023.
A legislação pede, ainda, um ponto fixo de coleta para cada 10 mil habitantes nos municípios com população superior a 100 mil habitantes. Em Cuiabá, em torno de 50 estabelecimentos já aderiram a proposta. A expectativa, frisa José Antonio Parolin, é que esse número aumente até julho deste ano, conforme prazo acordado com o Ministério da Saúde.
Defensivos agrícolas
O sistema de logística reversa também é aplicado quando o material a ser descartado é uma embalagem de agrotóxico. A engenheira agrônoma e fiscal do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), Eunice Aquino, explica que esse descarte é feito conforme as indicações presentes na nota fiscal do produto.
“Todas as empresas que comercializam agrotóxicos são obrigadas, pela nossa legislação federal e estadual, a indicar na nota fiscal o local de devolução para o qual o usuário final deve encaminhar essas embalagens”, reforça.
Por isso é importante que a compra seja feita em empresas indôneas e devidamente registradas junto aos órgãos de fiscalização e defesa agropecuária. Em MT, é o Indea.
Contudo, antes de fazer a entrega, o usuário final precisa realizar a tríplice lavagem e inutilização da embalagem, fazendo furos nos fundos. Aquino comenta que em Mato Grosso existem 36 unidades de recebimento, às quais as empresas que comercializam o produto precisam estar credenciadas. Serão esses os pontos indicados na nota fiscal.
No que diz respeito às sobras, a fiscal do Indea esclarece que, quando o cliente adquire o agrotóxico tem até um ano, contado a partir da data da compra, para devolver a embalagem vazia. Se após esse prazo ainda tem produto, dentro do prazo de validade, pode prorrogar por até seis meses essa devolução.
Caso o produto tenha vencido e ficado inapropriado ao uso, o cliente pode fazer a devolução também no local indicado na nota fiscal. Nesse caso é preciso contactar a empresa receptora com antecedência para que ela se prepare para esse recebimento.
“Ao adquirir esse tipo de produto, a pessoa tem que estar atenta ao modo de uso e de descarte das embalagens, não pode ser feito o reaproveitamento. Também não deve ser feita a queima ou enterro desse objeto”, reforça. “Essas embalagens precisam ser devolvidas, tanto as do produto em si quanto as secundárias como as caixas”, complementa.
Fonte: O Livre