Esta humilde coluna já havia antecipado que MC Gui responde na Justiça de São Paulo a um processo movido por um motorista de aplicativo. Nesta ação, Alef Santos pede uma indenização por danos morais no valor de R$ 500 mil por ter sido acusado publicamente, em 2020, de ter roubado as malas do cantor com objetos para doação, que foram transportadas em seu carro, através de uma corrida pelo aplicativo Uber. Pois bem. No último dia 20, saiu a primeira sentença e MC Gui teve sua primeira derrota.
A magistrada Luciana Antoni Pagano entendeu que o conteúdo ofensivo das postagens feitas pelo cantor era evidente, assim como o dano moral decorrente das mesmas, que teriam ofendido diretamente a honra e a personalidade de Alef. Houve ainda um entendimento de que existiam outros mecanismos para solução do imbróglio, que dispensavam a exposição desnecessária do profissional via redes sociais do funkeiro. Dessa forma, a ação foi julgada parcialmente procedente, condenando o cantor MC Gui a pagar o valor indenizatório de R$12 mil a título de danos morais ao motorista.
MC Gui se apresentou no processo, por meio de sua contestação, afirmando que não deveria figurar como Réu na ação judicial, visto que somente teria feito as publicações em suas redes sociais com o objetivo de localizar o paradeiro do motorista, que teria se apropriado indevidamente da mala de roupas de sua propriedade. Isso seria fato comprovado, já que supostamente graças às publicações que foi possível retomar o contato com Alef para recuperar a mala.
Em relação aos danos morais, MC Gui rejeita completamente e sustenta que a petição Inicial foi falha em descrever qualquer constrangimento ou humilhação capaz de causar danos ou prejuízos à honra e à imagem do profissional. Se nenhum dano foi causado, não seria lógico falar em qualquer dever de indenização.
MC Gui apresentou ainda uma narrativa diferente sobre os fatos. Segundo ele, Alef teria feito uma tentativa de entrega das malas, sem encontrar, contudo, quem pudesse recebe-las no endereço informado. Diante disso, teria ocorrido a mudança a rota do aplicativo, determinando que as malas retornassem. Alega que, no entanto, Alef teria concluído a viagem, sumindo com os pertences de MC Gui. Diz ainda que Alef não teria deixado as malas na delegacia, tampouco na sede da Uber, retendo para si todos os pertences do artista.
Dessa forma, o motorista teria sido exposto, sim, mas não com cunho calunioso, e sim informativo, já que o único objetivo era esclarecer seu paradeiro para recuperar a mala. Os advogados do ex-Fazenda afirmam que não teria qualquer dano moral ou material comprovado por Alef e que, além disso, o valor de R$ 500 mil pedido por ele seria completamente desmedido e absurdo.
Alef alega que sequer sabia que as malas eram de MC Gui, e ainda afirma que quando chegou ao local de destino para entregá-las, na Zona Leste de capital paulista, ficou esperando por dez minutos alguém aparecer para retirá-las, e depois avisou que não poderia aguardar mais, uma vez que o local era perigoso. Foi então que entrou em contato com o responsável por colocar as malas no carro para avisar que deixaria as bagagens para serem retiradas diretamente na sede da Uber, localizada no bairro Penha de França.
O responsável por despachar as malas no carro registrou um boletim de ocorrência contra o motorista, alegando que ele supostamente havia se apropriado indevidamente das bagagens. Não bastasse, MC Gui foi até suas redes sociais com milhões de seguidores e expôs toda a situação publicamente. Além de compartilhar uma foto de Alef nos stories, Gui ainda contou aos fãs que teria sido vítima de um motorista de Uber que havia roubado suas malas com doações que seriam destinadas a outro estado.
Alef então procurou a delegacia mais próxima e registrou um boletim de ocorrência contra MC Gui por calúnia. Ele foi chamado por Gui de “ladrão de muambas e de cestas básicas”. O advogado do profissional, Washington Luiz Moura, sustenta na ação que a postura de MC Gui de acusar seu cliente de roubo publicamente seria uma tentativa de “abafar” a polêmica envolvendo o cantor e uma criança que ele humilhou e tirou sarro durante férias na Disney.
Na ocasião, a postura de MC Gui foi massacrada pela opinião pública. “Há de observar que em poucas manifestações (dos seguidores de Gui) as pessoas falam mal do requerido, alegando que o mesmo arquitetou essa situação para se promover perante a mídia, para tentar limpar sua barra perante os atos praticados nos Estados Unidos”, diz um trecho da acusação que consta na petição inicial da ação. O advogado de Alef afirma também que seu cliente passou a receber mensagens dos fãs de MC Gui em tom de ameaça, além de ofensas, após o cantor expor o caso nas redes sociais, “tendo sua vida transformada em um inferno social”.
E após as malas terem sido entregues de volta no mesmo endereço de onde foram retiradas, MC Gui retirou as publicações com as acusações do ar, mas o estrago na reputação do profissional, segundo ele, já estava feito.
Fonte: Em off