Notável a eficiência da Polícia Civil do Paraná. Enquanto a do Rio investiga há 4 anos a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e ainda não sabe dizer quem a matou e quem mandou matá-la, a do Paraná, em apenas cinco dias, ouvidas 17 pessoas e sem que a perícia tenha concluído seu trabalho, descobriu o culpado pelo assassinato em Foz de Iguaçu do tesoureiro do PT Marcelo Arruda.
O culpado foi o próprio Arruda por ter provocado a ira do policial bolsonarista Jorge Guaranho, atingindo-o com um punhado de areia. Sem ser convidado, o assassino fora apenas ver o que se passava na festa de aniversário de 50 anos de Arruda em um salão alugado da associação local de policiais. Sentindo-se desacatado, limitou-se a atirar em Arruda, que infelizmente morreu.
Verdade que o assassino havia sido avisado por um amigo que o tema da festa era Lula, e não a Galinha Pintadinha. E que acompanhado da mulher e de um bebê, ele chegou à festa ouvindo uma música que exaltava Bolsonaro. Em seguida foi até sua casa deixar a família, voltou para a festa, gritou “Bolsonaro”, gritou que iria matar todo mundo, e aí se deu o lamentável acidente.
A delegada encarregada de investigar o caso concluiu que foi um crime provocado por “intolerância ideológica”, mas não disse se faltou tolerância apenas ao assassino ou se também faltou a Arruda. Não enquadrou o crime como político por falta de provas. Pode ter havido, segundo ela, um “acirramento de ânimos” na hora em que o assassino disparou em Arruda, que revidou e o feriu.
A primeira delegada que cuidou do caso já levantara a hipótese de crime comum. O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, que apesar de desprezado por Bolsonaro sempre sai em sua defesa, comentou que tudo sugeria que fora um crime comum, aqueles que acontecem nos fins de semana quando duas pessoas bebem e acabam se desentendendo. Mourão é muito arguto.
Bolsonaro, não. Reprovou a morte de Arruda sem citar seu nome; telefonou para dois irmãos dele ao descobrir que são bolsonaristas e os convidou a conceder uma entrevista em Brasília; e não telefonou para a viúva. Jogou a culpa do crime nas costas da esquerda. Bolsonaro não seria o que é se não tivesse agido assim. Seus conselheiros querem que ele não fale mais sobre o assunto.
Muda nada a conclusão da polícia bolsonarista do Paraná sobre a morte de Arruda. Os bolsonaristas continuarão a dizer que foi um crime comum, era o que diziam antes. Os não bolsonaristas estão convencidos de que foi um crime político. E é o que de fato foi – o primeiro a marcar o início da campanha eleitoral deste ano, onde um presidente candidato à reeleição está em modo de desespero.
Frases do dia
“Marcelo Arruda [tesoureiro do TV em Foz do Iguaçu, assassinado por um bolsonarista] era um trabalhador, pai, servidor público no Paraná. Planejou sua festa de aniversário em paz, com sua família. Marcelo é vítima de uma violência que foi contra a democracia”. (Lula)
Fonte: Metrópoles