Sugerido como uma alternativa mais saudável ao cigarro comum, o cigarro eletrônico em verdade impõe uma quantidade de nicotina sobre o corpo equivalente a fumar 20 cigarros normais por dia. É esse o dado mais importante apontado por uma reportagem da BBC News Brasil sobre os dispositivos eletrônicos, hoje tão populares entre os jovens: a informação foi trazida à matéria pela cardiologista Jaqueline Scholz, especialista em tabagismo.
A médica é diretora do Ambulatório de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (InCor), e se diz especialmente preocupada com o uso do cigarro eletrônico entre os jovens brasileiros: apesar do dispositivo não ser liberado pela Anvisa por aqui, levantamentos afirmam que uma em cada cinco pessoas de 18 a 24 anos já usou o cigarro eletrônico ao menos uma vez. O sucesso ameaça, segundo Scholz, a redução na taxa de iniciação no tabagismo que vinha se dando entre adolescentes brasileiros.
Parte da ameaça dos cigarros eletrônicos se dá pelo fato de serem apresentados como uma opção mais saudável aos cigarros de tabaco tradicionais. A médica lembra que essa afirmação não tem comprovação científica nem estudos que a ofereçam suporte. Como líder de um dos melhores ambulatórios de combate ao tabagismo no país, Scholz garante que os cigarros eletrônicos não só não ajudam a parar de fumar, como também fazem mal à saúde.
Apesar de não ter combustão nem produzir fumaça, os eletrônicos apresentam três ingredientes considerados especialmente nocivos: a nicotina, psicoativo que provoca alto nível de dependência, o propilenoglicol, espécie de condutor que dilui e carrega a nicotina pelo organismo, e os aromatizantes, que tornam os dispositivos mais agradáveis e aceitos socialmente, atraindo especialmente o público jovem.
O índice de nicotina equivalente a 20 cigarros é percebido pela médica em seu consultório principalmente entre jovens usuários do cigarro eletrônico de 16 a 24 anos. Scholz concordou com a decisão da Anvisa de manter o dispositivo proibido no Brasil, mas a Souza Cruz, maior empresa da indústria de tabaco no país, afirmou, para a reportagem, que a permissão traria regulamentação adequada, elevando assim o controle da composição, procedência, bem como os parâmetros gerais de qualidade e sanitários. A reportagem da BBC pode ser lida aqui.
Fonte: Metrópoles