Um estudo publicado pela revista científica Nature Reviews Disease Primers concluiu que pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica desenvolvem múltiplas doenças crônicas dez anos mais cedo do que as mais ricas. Logo, essa população convive por mais tempo com enfermidades que exigem acompanhamento médico frequente e uso de remédios.A pesquisa foi comandada por cientistas de diversos países, inclusive do Brasil. Profissionais da Dinamarca, Reino Unido, Austrália, Estados Unidos e Peru também empenharam os seus esforços para chegar a essa conclusão. Por aqui, o estudo ficou sob a responsabilidade da equipe da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).Segundo os pesquisadores, a multimorbidade, termo relacionado ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas por uma pessoa, está associada à morte prematura, pior qualidade de vida e aumento do uso dos serviços de saúde. Além disso, a pobreza e as dificuldades econômicas podem causar mais problemas de saúde mental e expõem as pessoas a uma maior irritabilidade.Os cientistas mostraram que as pessoas mais pobres geralmente não têm acesso a informações que ajudariam a ter hábitos mais saudáveis, e nem condições de arcar com uma alimentação equilibrada ou exercícios físicos regulares. A dificuldade em garantir os direitos humanos básicos também pode ser um dos fatores que dificultam uma vida com menos comorbidades.Pesquisa
O trabalho publicado na revista Nature promoveu revisão e debate sobre a literatura médica existente sobre o tema.No levantamento, cientistas descobriram que em, um estudo escocês, mesmo o país tendo alta renda e baixa desigualdade social, os indivíduos de maior vulnerabilidade socioeconômica sofriam com mais doenças antes dos mais ricos. De acordo com os pesquisadores, o fato aponta que a multimorbidade é um problema de saúde pública mundial.O estudo considera doenças crônicas como hipertensão, diabetes, depressão, obesidade e cardiopatias.A multimorbidade afeta principalmente os idosos. No Brasil, cerca de metade das pessoas com mais de 60 anos convive com duas ou mais doenças crônicas. Entretanto, o grupo com o maior número de afetados por essa condição é composto por adultos com menos de 60 anos de idade.Efeitos da pandemia
Além disso, o estudo concluiu que a crise da Covid-19 impactou a questão da multimorbidade. Antes desse período, os pacientes com diversas doenças crônicas já enfrentavam um desafio. Depois da pandemia, a situação se agravou, principalmente para pessoas que precisavam de um acompanhamento médico frequente. Os casos de depressão e ansiedade também cresceram nesses dois anos.Estudos futuros
Os pesquisadores enfatizaram que o estudo internacional confirma a necessidade dos cientistas entenderam melhor a multimorbidade justamente para traçar estratégias mais efetivas. No entanto, ainda são necessários mais estudos sobre o assunto, já que o tema é um desafio para a comunidade científica.Fonte: Metrópoles