

Neste ano, eleitores recém-alfabetizados, com mais de 50 anos, se emocionaram ao votar pela primeira vez sabendo ler e escrever, sem ‘colinhas’ dadas pelos outros. Por 100 anos, analfabeto foi proibido de votar no Brasil. Foi em 1985 que a lei mudou, mas a falta de acessibilidade aos estudos ainda era um obstáculo para esses brasileiros.E a emoção de votar de forma consciente, em quem eles realmente queriam, foi incomparável. Eles contam que nunca tinham escolhido, de fato, um candidato por não conseguirem identificá-lo.“Antes eu votava sem saber o nome. Minha família escrevia em um papelzinho: ‘você bota esse número aqui’, mas então eles que botavam que sabiam ler. E aí agora pra mim foi um prazer imenso”, contou a estudante Silvaneide dos Soares.Acesso aos estudosEsses alunos, que já passaram dos 50 anos, contam que o tempo foi engolindo diversos planos e sonhos.“Era meu sonho saber ler e escrever pequena, nova. Não deu porque eu fui criada em fazenda, meu pai morreu muito cedo e eu e meus irmãos trabalhávamos para criar os outros”, conta a estudante Joana dos Santos.E a alfabetização deu a eles um direito básico de cidadania.“Eu fico emocionada porque eu cresci com as pessoas dizendo que nós que moramos em comunidade não teríamos o direito de aprender, de ser alguém na vida”, conta a estudante Norma Sueli Pereira.Vontade de aprender não faltavaOs estudantes contam que a vontade de ler e escrever era maior do que qualquer obstáculo que pudesse surgir no caminho.“Quando entrei pra escola vi que não tem limite o que eu posso ser. Posso ser uma merendeira, posso fazer faculdade de gastronomia, posso escrever um livro”, diz Norma.“Quem não sabe ler nem escrever é cego, porque a gente olha assim e não sabe o que está escrito”, afirma a estudante Margarida Josefa da Silva.A leitura feita com orgulho e a letra desenhada com carinho no papel mostram que valeu não ter desistido.“Não escrevo letra bonita assim, mas eu escrevo”, diz a estudante Maria Benedita Marques.“Chamo umas pessoas para ir para o colégio que é muito bom. Ah, já estou velha, velha não. Quando está viva, ninguém está velha”, relata Joana.Primeiro voto alfabetizadoAlém de realizarem o sonho de aprender a ler e escrever, os eleitores alfabetizados após os 50 contam que se sentiram muito mais seguros nesta primeira eleição, conseguindo identificar os candidatos preferidos.“Consegui ler, ver o rosto dele, é esse mesmo que eu quero, apertar lá, confirmar tudo direitinho, foi muito bom”, conta Norma Sueli.“Eu saí de lá numa felicidade que eu cheguei em casa e disse: ‘eu consegui ler cada um deles’. Eu engasguei bastante em um, e no outro mas cheguei em casa e contei. Eu senti um orgulho sem tamanho”, afirma Maria Benedita.“Eu fui mais seguro porque eu ia votar certo, que eu ia ver o nome do candidato”, diz o estudante Albertino Manoel da Silva.E que todos os anos possamos ver mais histórias de eleitores alfabetizados que comemoram esta conquista!Viva a educação!Com informações de Head TopicsFonte: Só notícia boa