Um estudante de 18 anos denuncia ter sido prejudicado durante a aplicação da primeira fase do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022, no último domingo (13/11), na Asa Sul. Edson Gabriel Dornelas tem deficiência múltipla e alega não ter tido o atendimento especializado adequado na realização da prova.Segundo relata a mãe do candidato, Kleyne Cristina Dornelas, 47 anos, essa foi a primeira vez que o adolescente fez o exame. Por causa da deficiência, a família solicitou o acompanhamento durante a aplicação da prova, no Centro de Ensino Médio Setor Oeste.“Meu filho tem baixa visão, deficiência intelectual e comprometimento motor fino. Assim, foi assegurado para ele auxílio de leitura, auxílio de transcrição e prova com horário ampliado. Tudo estava escrito no cartão de confirmação dele”, detalha Kleyne, que é professora.Porém, mesmo com o direito de receber esse tipo de atendimento, Gabriel, que sonha em cursar gestão do agronegócio, não esperava passar por uma situação de constrangimento durante a realização do Enem. Devido à deficiência, a leitura dele é lenta e silabada, o que compromete a interpretação textual, condição que justifica o atendimento.“Quando fomos buscá-lo, no final da prova, ele nos contou que tinha sido muito difícil e que ele conseguiu responder apenas 52 das 90 questões do exame. Foi então que ele relatou ter tido que ler todas as questões de língua estrangeira, pois a profissional que deveria fazer isso para ele disse que não sabia espanhol”, conta a mãe.Além do auxílio na leitura da prova, o candidato deveria ter recebido suporte da profissional para escrever a redação. “Na etapa da redação, ele foi orientado pela profissional a fazer por escrito o rascunho, mesmo tendo o direito à auxílio de transcrição, e só então ela passaria para a folha de resposta”, diz Kleyne.De acordo com a professora, a falta de um atendimento adequado demandou do filho dela bastante tempo devido ao comprometimento visual e motor fino. Indignada com a situação, ela procurou a coordenação do Centro de Ensino Médio Setor Oeste para relatar o ocorrido. Como resposta, apenas a garantiram que, na segunda fase, outra profissional acompanharia Gabriel.“Ele foi prejudicado nessa prova. O tempo que ele perdeu lendo a prova de espanhol e escrevendo a redação foi enorme, não teve o direito dele garantindo. O atendimento especializado existe para diminuir a distância dele dos outros candidatos, mas nem isso foi assegurado”, lamenta a professora.A mãe de Gabriel levou a denúncia para a ouvidoria do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e ao Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT), na expectativa que ele possa refazer a primeira etapa do Enem.“Quando ele percebeu que tinha passado por uma situação de constrangimento, falou que achava que avaliaram o empenho dele, pois tinha se esforçado bastante na prova. É uma batalha pra uma pessoa com deficiência chegar aonde ele chegou, mas ele já começa a ser barrado ainda na seleção. Ele foi colocado em condições ainda maiores de desigualdade em relação aos demais candidatos”, afirma.O que diz o Inep
Procurado pela reportagem do Metrópoles, o Inep não respondeu, até o fechamento desta matéria, a respeito da situação do candidato. O espaço segue aberto para futuras manifestações.Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no InstagramReceba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre o Distrito Federal por meio do WhatsApp do Metrópoles DF: (61) 9119-8884.Fonte: Metrópoles