Valmir Salaro foi um dos convidados especiais do “Encontro” transmitido na manhã desta quarta-feira (16). Sem perder tempo, Patrícia Poeta foi direto ao assunto e, ao relembrar de momentos marcantes da carreira do jornalista, revelou o real motivo pelo qual o repórter estava sentando no famoso sofá do programa matinal da Rede Globo: “O Valmir está aqui hoje para falar sobre o documentário ‘Escola Base’, que estreou agora pouco no Globoplay”.Na sequência, a apresentadora não poupou palavras para elogiar o trabalho feito pelo colega ao longo dos anos, mas frisou o erro gravíssimo cometido por ele há cerca de três décadas: “Nessa produção, ele pede desculpas para as vítimas de uma reportagem equivocada feita nos anos 1990. Essa história acabou chocando o país na época, porém, após as investigações ficou comprovado que todos os acusados eram inocentes. Além das investigações inconclusivas da polícia, a imprensa também errou ao divulgar isso”.Sem rodeios, Valmir abriu o coração ao falar sobre o momento que mais marcou sua trajetória no jornalismo: “Foram momentos muito difíceis para mim, desde o momento em que eu descobri, há quase 30 anos atrás, que as seis pessoas acusadas pela polícia, acusadas pela Justiça, acusadas por mim, eram todas inocentes. De lá pra cá, eu nunca esqueci esse fato. Eu tenho o rosto, a imagem dessas pessoas marcadas dentro de mim”.“Eu sempre lembrei dessa caso, porque, de uma certa forma, eu ajudei a destruir o destino e a reputação daquelas seis pessoas. Então, a vida delas mudou a partir do momento em que eu dei a primeira notícia sobre o famoso caso da ‘Escola Base’. Depois eu comecei a ver que aquelas pessoas, na verdade, foram vítimas de legistas, do delegado que acreditou em tudo, das mães que insistiram nos crimes de violência sexual contra os filhos”, continuou o jornalista.Em seguida, o repórter descreveu a produção como um pedido de perdão pelo que fez: “Quando eu descobri que os acusados, apontados a todo momentos pelos meios de comunicação eram vítimas, eu achei que eu deveria falar sobre isso sempre e não me calar, nem jogando o erro para debaixo do tapete… Pra mim, é uma forma de pedir perdão. Eu conversei com elas quando a gente começou a fazer o documentário e confesso que foi uma conversa muito difícil, mesmo quando não estava gravando”.Por fim, Valmir Salaro ressaltou que jamais tentou justificar sua culpa e que, para sempre, irá carregar consigo uma cicatriz incurável: “Uma das mais prejudicadas por esse erro conversou comigo e me perdoou. Isso, de certa forma, amenizou um pouco a dor interna que eu tinha. Acalmou um pouco o meu coração, mas confesso que trata-se de uma cicatriz que ficará para sempre… Eu lembro do caso ‘Escola Base’, falo a respeito, não fujo e converso com alunos de faculdade sobre isso há 30 anos, principalmente por ser algo que choca até os dias de hoje”.Fonte: Em off
