O jornalista Leandro Schmitz é o nome responsável por divulgar uma denúncia de trabalho análogo à escravidão em uma unidade pública da prefeitura de Joinville no último dia 27 de fevereiro no Jornal Folha Metropolitana. No entanto, o profissional foi surpreendido cinco minutos após a publicação da reportagem com sua demissão. Com a grande repercussão negativa, o veículo afirmou em nota que o desligamento já estava programado e se deu pelo fato de “estarem passando por reestruturações de equipe para atender a produção jornalística com a nova realidade financeira e editorial”.Leandro, por sua vez, contou em entrevista ao Fórum, que “não gostaria de me manifestar muito, porque os fatos falam por si só. Eu digo sempre para todo mundo que me procura que não quero prejudicar ninguém, apenas fazer o meu trabalho”. Na conversa, o profissional ainda ressaltou: “Eu acatei uma denúncia do Sindicato, ouvi todos os envolvidos, fiz o que qualquer jornalista profissional faria. O veículo para quem eu trabalhava emitiu uma nota dizendo que minha saída se deu por motivos financeiros e ajustes internos”.O jornalista ainda contou sobre o apoio que recebeu de diversas pessoas após a demissão. “Quanto a mim, em meio ao turbilhão de gente apoiando e perguntando sobre o assunto oferecendo ajuda jurídica, eu digo que os fatos falam por si só. Existe a versão do jornal e existe a minha demissão ter acontecido cinco minutos após a publicação da matéria”, prosseguiu. Leandro destacou ainda que “o título da minha matéria, dando o nome de “Trabalho análogo à escravidão” se deu pela denúncia do Sinsej no MPT, que dava este nome, mas que no corpo da matéria explica os fatos”.“Ou seja, quem vai decidir se é trabalho análogo será o MPT, eu como jornalista, dei as duas versões para que o leitor tirasse suas conclusões”, afirmou. E concluiu: “não quero parecer que estou me aproveitando da situação nem surfando na onda, sabe? Não faz meu estilo. Espero apenas poder trabalhar novamente. E que isso não aconteça com mais ninguém. É muito injusto”, apontou.Relembre
A reportagem de Leandro Schmitz revelou que cerca de 13 trabalhadores foram fotografados e filmados na última segunda-feira (27), chegando em uma unidade de Bem-estar e Proteção Animal de Joinville. Os trabalhadores também foram vistos no mesmo dia almoçando em locais reservados a cães e outros animais, em condições insalubres para pessoas fazerem refeições. Na ocasião, a denúncia foi liderada pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej).Os trabalhadores que aparecem nas imagens são prestadores de serviço da empresa terceirizada pela prefeitura de Joinville, Celso Kudla Empreiteiro Eireli, responsável pela obra de reestruturação do local. Em nota, o Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville manifestou o seu apoio e solidariedade ao jornalista Leandro Schmitz. “É simbólico que o executivo municipal tenha levado apenas algumas horas para pedir a cabeça do jornalista que denunciou a situação, enquanto se fez de cega por meses em relação a situação dos trabalhadores do CBEA”, diz parte da nota.“Este é Adriano Silva e este é o partido Novo. Permissividade com condições péssimas de trabalho e perseguição a jornalistas. As atitudes do prefeito em relação a este caso beiram o coronelismo e fariam brilhar os olhos de escravocratas de tempos passados. Fica inclusive a sugestão para a mudança no nome do partido, de Novo para Velho ou Antigo, já que as atitudes de sua gestão remetem aos piores momentos do século 18”, afirma a nota.O caso foi denunciado pelo jornalista Leandro Schmitz, do jornal Folha Metropolitana. Ele foi DEMITIDO ontem depois de publicar a matéria. Esse é o caminhão baú onde os trabalhadores eram transportados como gado pro local de trabalho. pic.twitter.com/hfsfJxNy3R— apoia.se/leandrodemori (@demori) March 2, 2023Fonte: Em off