Para celebrar o aniversário de 63 anos de Brasília e do Correio Braziliense , o jornal preparou uma série especial do Podcast do Correio conversando com jornalistas que marcaram a história de ambos. No segundo episódio, os jornalistas Ronayre Nunes e Talita de Souza receberam Irlam Rocha Lima, jornalista do Correio há 48 anos e testemunha ocular da cultura da capital.Irlam entrou no Correio para ser repórter de Esportes. Em pouco tempo, contudo, ele conta que logo se enturmou com a equipe da redação e reforçou a importância de assuntos relacionados à cultura. Então, o jornalista se ofereceu para escrever sobre a área. “Eu cobria futebol, mas me sobrava tempo para assistir aos shows na cidade”, diz. O primeiro grande artista que o jornalista entrevistou pelo Correio foi Gilberto Gil, que veio a Brasília em 1975, com o show Refazenda.Brasília 63 anos: ‘Podcast do Correio’ ouve os guardiões da memória da capital
O palco do show de Gil foi o ginásio do colégio Marista, na 606 Sul, pois o Ginásio Nilson Nelson ainda estava em construção. Nesse local, ele ainda presenciou os shows de Rita Lee, Vinícius de Moraes e Toquinho. “Com o passar do tempo, o Ginásio Nilson Nelson foi palco dos grandes shows, lá eu assisti os Doces Bárbaros (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa), em 1976, foi um show maravilhoso. Participei da coletiva e grande parte das perguntas foi eu quem fiz”, lembra o jornalista.Brasília em tempos de ditadura militar
Irlam também lembra que a cantora Rita Lee chegou a ser proibida de apresentar o show Ovelha negra em Brasília por conta da ditadura militar, pois ela se manifestava contra o regime repressivo. “O Ney Matogrosso também tinha um show marcado, mas não pôde fazer. Ainda na época do Secos e molhados, ele fez comentários sobre isso. Aos poucos, as coisas foram se abrandando, e Brasília se transformou em uma das cidades que não podem faltar nas turnês dos artistas, pois eles sabem que aqui tem um público grande”, ressalta o jornalista.A relação do Correio com a música na capital
Irlam avalia que o Correio Braziliense tem um papel importante na consolidação de Brasília como integrante do circuito da música brasileira, além de também divulgar e acolher os artistas locais. “Nós prestamos um grande serviço à cidade, no sentido de divulgar bem os artistas”, frisa o jornalista. Em 1984, foi o Correio quem fez a primeira matéria com a banda Legião Urbana, do artista Renato Russo.”Brasília foi chamada de capital do rock, por causa das bandas que foram surgindo. O Renato veio aqui, era o primeiro grande show, chamado Temporada do rock. Ele era um cara genial, escrevia letras fantásticas. Eu sou um felizardo por ter assistido os grandes nomes da música brasileira”, ressalta Irlam.Fonte: Correio Braziliense