Misturar álcool com medicamentos pode parecer inofensivo para algumas pessoas, mas essa combinação pode ser perigosa para a saúde. Enquanto muitos são seguros quando tomados de acordo com as orientações médicas, seu efeito pode ser prejudicado ou até mesmo se tornar mortal quando a bebida entra na equação.
É importante lembrar que os efeitos da mistura de álcool e medicamentos podem variar de pessoa para pessoa, dependendo de vários fatores individuais. A regra geral é evitar o consumo de álcool enquanto estiver sob medicação e sempre seguir as orientações médicas e farmacêuticas.
Uma pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig) ao Datafolha revela que 55% dos brasileiros com mais de 18 anos consomem bebidas alcoólicas, sendo que 32%, um em cada três, consomem semanalmente.
As reações negativas ao misturar álcool e medicamentos podem acontecer com remédios prescritos, com os vendidos sem receitas e até mesmo com suplementos ou os fitoterápicos.
O Instituto Americano sobre Abuso de álcool e Alcoolismo explica que essa combinação pode causar sintomas como náuseas e vômitos, sonolência, dor de cabeça, desmaio, perda de coordenação, sangramento interno, dificuldade ao respirar, problemas cardíacos e dano hepático.
Consultar um médico ou farmacêutico sobre as interações entre seus medicamentos e o álcool é fundamental para garantir sua segurança. A Coluna Claudia Meireles conversou com a professora da Universidade de Brasília e doutora em ciências farmacêuticas, Débora Santos, que explica as piores combinações.
1 – Medicamentos para ansiedade e depressão
A combinação de antidepressivos e ansiolíticos com álcool pode resultar em sonolência, tontura e, em casos extremos, depressão respiratória. Isso compromete o tratamento dessas condições.
Alguns desses medicamentos podem tornar os efeitos do álcool mais extremos. “O álcool pode intensificar a ação de alguns medicamentos, ele atua como depressor do sistema nervoso central, e tem uma ação sedativa, algo que alguns medicamentos também apresentam”, ensina a professora Débora Santos.
2 – Medicamentos para diabetes
A ingestão de álcool pode levar a flutuações imprevisíveis nos níveis de açúcar no sangue, colocando em risco a saúde de quem sofre de diabetes.
Adicionar álcool pode levar a níveis perigosamente baixos de açúcar no sangue . Além disso, existe o risco dos seguintes sintomas: mudanças repentinas na pressão arterial, batimento cardíaco acelerado, fraqueza, dor de cabeça, náusea e vômito.
3 – Medicamentos para alergias e resfriados
Alguns remédios para alergias e resfriados contêm componentes que, quando combinados com álcool, podem causar sonolência, tontura e comprometer a coordenação motora.
4 – Medicamentos para pressão arterial
O álcool pode elevar a pressão sanguínea, tornando-se especialmente perigoso quando combinado com medicamentos para pressão arterial, como os betabloqueadores.
Uma pesquisa publicada pelo Instituto Molecular Pharmaceutics mostrou que o álcool pode alterar a interação de enzimas e de outras substâncias corporais quando entra em contato com cerca de cinco mil medicamentos disponíveis na indústria.
5 – Medicamentos para dor
Mesmo que o analgésico seja de venda livre ou um medicamento prescrito, é necessário saber como o remédio irá reagir ao álcool.
Combinar bebidas alcoólicas com analgésico pode causar efeitos colaterais perigosos. Misturar com medicamentos para dores musculares, como Flexeril (ciclobenzaprina) e Soma (carisoprodol), pode aumentar o risco de convulsões , overdose e causar dificuldade para respirar.
O álcool pode interferir na absorção e metabolismo de vários medicamentos, reduzindo sua eficácia. Isso significa que o tratamento para condições médicas pode ser comprometido, levando a uma recuperação mais lenta ou agravamento dos sintomas.
“Os medicamentos têm alteração da sua estrutura química por meio do metabolismo no corpo, e esse metabolismo pode sofrer interferência por causa do álcool”, finaliza Débora.
Fonte: Metrópoles