Rir é o melhor remédio. Gargalhar pode, por exemplo, fazer bem à saúde do coração ao aumentar o fluxo sanguíneo pelo corpo, de acordo com um estudo brasileiro apresentado na reunião anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Amsterdã, no último domingo (27/8).
A pesquisa reuniu 26 adultos com idade média de 64 anos diagnosticados com doença arterial coronariana. “Nosso estudo descobriu que a terapia do riso aumentou a capacidade funcional do sistema cardiovascular”, afirma o médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Marco Saffi, autor principal do estudo.
A doença arterial coronariana é causada pelo acúmulo de material gorduroso nas paredes das artérias que fornecem sangue ao coração. Os participantes foram acompanhados durante três meses e divididos em dois grupos.
O primeiro assistia a dois programas de comédia com uma hora de duração por semana, incluindo comédias populares. A outra metade assistia a dois documentários com assuntos sérios, que abordavam temas políticos e sobre o meio ambiente.
Ao término do período de estudo, o grupo que assistiu às comédias experimentou um aprimoramento de 10% em um teste destinado a medir a capacidade do coração de bombear oxigênio por todo o corpo.
“O riso beneficia o coração ao liberar endorfinas, que reduzem a inflamação e promovem o relaxamento do coração e dos vasos sanguíneos. Além disso, diminui os níveis de hormônios do estresse, que exercem pressão sobre o sistema cardiovascular”, afirma o médico.
Além de melhorar o bombeamento, observou-se uma melhoria no índice de expansão das artérias. O grupo demonstrou um desempenho superior também no transporte sanguíneo.
Foram conduzidos ainda exames de sangue para verificar biomarcadores inflamatórios que fornecem indícios sobre a quantidade de placa acumulada nas paredes dos vasos sanguíneos e o risco potencial de eventos cardíacos ou derrames.
Os resultados indicaram uma redução significativa desses marcadores inflamatórios quando comparados ao grupo de controle. “A inflamação é uma parte substancial do processo de aterosclerose, no qual as placas se acumulam nas artérias. A terapia do riso poderia ser incorporada em instituições de saúde para pacientes com risco de problemas cardíacos”, sugere o médico.
Busque formas de rir
Saffi enfatiza que os programas de comédia não necessariamente precisam ser centrados na televisão. Ele sugere que os pacientes assistam a shows de stand-up ao vivo ou sejam encorajados a sair e desfrutar de momentos alegres com amigos e familiares para desencadear risadas genuínas.
“As pessoas deveriam se esforçar para se envolver em atividades que as façam rir pelo menos duas vezes por semana”, destaca Saffi.
Apesar dos resultados positivos, os pesquisadores reconhecem a necessidade de realizar mais estudos para obter conclusões mais sólidas. No entanto, o brasileiro mantém uma visão otimista e acredita que, em um futuro próximo, o riso poderá contribuir para a redução da dependência de medicamentos.
Fonte: Metrópoles