O cigarro eletrônico, também conhecido como vape, tem se tornado cada vez mais comum, especialmente entre os jovens. No entanto, a imagem de que ele é uma alternativa “mais segura” ao cigarro tradicional mascara os perigos reais que o dispositivo representa para a saúde, incluindo diversos prejuízos à saúde bucal.
Segundo uma pesquisa do Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), o Distrito Federal ocupa o terceiro lugar em uso de vapes no Brasil. Diante desse cenário alarmante, a coluna Claudia Meireles ouviu os dentistas Maria Letícia Bucchianeri e Alessandro Januário para entender quais os danos do cigarro eletrônico para a boca.
Descuido no cuidado com a limpeza dos dentes pode levar à cárie, mas condições genéticas e doenças favorecem seu aparecimento
De acordo com a especialista Maria Letícia Bucchianeri , o aumento da temperatura na cavidade oral causadas pelo vapor inalado podem diminuir o fluxo sanguíneo nos tecidos bucais, afetando a qualidade do sistema imunológico.
“A diminuição do salivar acarreta em um desgaste dentário significativo. Com a produção reduzida, os dentes ficam mais expostos a ação das placas bacterianas e, consequentemente, passam a ficar mais propostas à cárie. Além disso, o fluxo sanguíneo também fica comprometido e reduz a nutrição da gengiva, que pode retrair e expor porções das raízes dentárias, que são mais porosas e mais suscetíveis ao desgaste, podendo apresentar coloração mais escurecida”, esclarece.
Outros riscos
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O uso de cigarros eletrônicos podem causar bruxismo
Bucchianeri ainda destaca sobre os prejuízos causados aos esmaltes dos dentes, como também as chances de desenvolver de doenças graves relacionadas ao contato com componentes químicos presentes nos líquidos dos vapes.
“A nicotina, aromatizantes e outros aditivos também podem contribuir para o desenvolvimento de condições como a chamada ‘língua de vape’, em que a pessoa perde a sensibilidade gustativa. Em casos mais graves, temos casos em que há o aumento do risco de desenvolvimento de câncer bucal”, revela.
Complementando a visão da especialista, o dentista Alessandro Januário chama atenção para o aumento dos casos de transtornos dentários. “A nicotina pode estimular o surgimento de transtornos como o bruxismo, o hábito de ranger os dentes, desencadeando dores de cabeça, de ouvido e na musculatura da mandíbula. Esse quadro também causa um desgaste nos esmaltes e aumenta o risco de fraturas dentárias”, explica.
Hábito de fumar
Getty ImagesFoto mostra pessoa descartando cigarros em uma lixeira com um fundo monocromático rosa – fumar cigarro – Metrópoles
Evite o consumo de cigarros e produtos com tabaco
Desmistificando a ideia de que o uso de cigarros eletrônicos podem ser menos nocivo que os cigarros tradicionais, Alessandro adverte que usuários de vape acabam fumando mais ao longo do dia.
“Enquanto um fumante de cigarro convencional consome de 200 a 250 tragadas por dia, um usuário de vape pode chegar a 600 ou até mil tragadas diárias. Isso significa que os fumantes de vape estão expostos por mais tempo aos elementos nocivos contidos no dispositivo”, explica.
Para ele, essa exposição prolongada, considerando a presença de substâncias tóxicas como os carbonilos voláteis, propilenoglicol e metais pesados, que são inalados durante o uso do dispositivo, podem intensificar os efeitos negativos do vape na saúde bucal.
Maria Letícia também demonstra preocupação quanto ao fato de não haver uma regulamentação em relação aos componentes presentes no dispositivo. “Essa falta de vistoria dificulta uma análise criteriosa de relações da causa e efeito entre estes e problemas de saúde bucal manifestados nos usuários”, finaliza.
Fonte: Metrópoles