O Tribunal do Júri de Santa Maria condenou Ayran Vitor Sousa de Jesus a 54 anos de reclusão em regime inicial fechado pelo duplo homicídio de Cleiton da Cruz Araújo e Lucas Menezes Carvalho Torres durante uma partida de futebol no Ginásio de Esportes de Santa Maria. A decisão foi proferida nesta quarta-feira (4/12) após atuação da Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri da região.
No crime de 13 de julho de 2022, Ayran e comparsas atiraram contra as vítimas devido a desavenças. Os jurados reconheceram as qualificadoras de perigo comum, recurso que dificultou a defesa das vítimas e, no caso de Cleiton, motivo torpe por ódio e vingança. Já no homicídio de Lucas, foi aceita a qualificadora de assegurar a execução e impunidade de outro crime, já que ele teria identificado os agressores.
A pena deverá ser cumprida integralmente em regime fechado, sem direito a recorrer em liberdade.
Relembre o caso
O torneio de futsal amador terminou com dois mortos, na noite do dia 13/7/22, no Distrito Federal. Segundo informações preliminares, dois homens encapuzados chegaram ao Ginásio Central de Santa Maria e abriram fogo, atingindo, a princípio, quatro pessoas. Além dos dois óbitos, uma mulher e um outro homem foram feridos e precisaram ser levados para o Hospital Regional da cidade.
Dois homem morreram baleados
Um deles foi atingido pelos disparos na arquibancada do ginásio
As vítimas identificadas são:
Cleiton da Cruz Araújo, 33 anos (óbito);
Lucas Menezes Carvalho Torres, 27 (óbito);
Isabella Raíssa dos Santos Lima, 19 (recebeu alta após estar em estado grave na UTI).
Há uma possível quarta ainda não identificada, que teria levado um tiro de raspão.
Vídeos obtidos pelo Metrópoles mostram diversas pessoas que participavam da partida de futsal amador, deixando o local às pressas para fugir dos tiros.
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) foram acionados para atender a ocorrência.
Um dos homens mortos usava o uniforme do Athalantas, clube de futebol amador da Cidade Ocidental (GO), Entorno do DF. A vítima tentou correr, mas caiu ainda dentro do ginásio, nas arquibancadas. O outro alvo dos atiradores caiu no estacionamento do local, ao lado de um carro vermelho, sem vida.
Desespero
Testemunhas contaram o terror que passaram durante a execução de dois homens em Santa Maria. Um homem detalhou o que viu. “Foi uns 30 tiros, velho. De 25 a 30 tiros. Foi bala demais. Foi bala demais. Só tinha visto um negócio desse em filme”, contou.
Segundo o relato, pouco antes do ataque havia acabado uma partida de futsal. O time vencedor tinha feito uma oração e um novo jogo iniciaria em instantes.
As pessoas começaram a ouvir, então, os estampidos dos disparos. Pensaram ser fogos de artifício, mas entraram em desespero ao perceber que se tratavam de tiros. “Todo mundo estava gritando: abaixa”, relatou.
“Os tiros comendo. Tinha umas 60 pessoas dentro do ginásio”, lembrou. Segundo a testemunha, um dos atiradores encapuzados perseguia uma das vítimas atirando se parar.
Parte do público ficou encurralada em um ponto da quadra. Em busca de segurança, derrubaram um portão do ginásio. “Achamos que era terrorista. Saiu matando todo mundo. Foi muito tiro”, completou.
“Cabuloso. Estou tremendo até agora. É angustiante. Não desejo essa sensação para ninguém”, afirmou. De acordo com a testemunha, os criminosos estariam esperando as vítimas em carros fora do ginásio.
Além dos dois óbitos, uma mulher e um outro homem foram feridos e precisaram ser levados para o Hospital Regional da cidade
Na manhã desta 5ª feira (14/7) o cenário era de tristeza e ainda havia marcas do ocorrido noturno
Trabalhadores da limpeza do espaço trabalharam a fim de apagar as manchas deixadas para trás
As vítimas foram Cleiton da Cruz Araújo, 33 anos (óbito); Lucas Menezes Carvalho Torres, 27 (óbito); Isabella Raíssa dos Santos Lima, 19 (em estado grave no hospital). Há uma possível quarta, ainda não identificada, que teria levado um tiro de raspão
Outro morador da região administrativa, inclusive, fez uma live comentando o caso. Disse que as pessoas mortas eram conhecidas da vizinhança e todos estão assustados.
“A coisa aqui foi feia”, afirmou. “Amigo da gente aí”, pontuou. “É triste, velho”.
Moradores e comerciantes assustados
A comerciante Andressa Pereira de Sousa, 26 anos, mora ao lado do Ginásio Central de Santa Maria e ouviu os disparos de arma de fogo durante o campeonato de futsal amador, nessa quarta-feira (14/7). A mulher contou ao Metrópoles que imaginou ser barulho de sinalizador, mas viu pela janela um jovem morto no chão.
“Já estava ensanguentado quando olhamos pela janela. Gritaria danada e todo mundo correndo. Peguei meus filhos e levei para o quarto para eles não ficarem assustados”, contou a mulher.
Andressa contou que o ginásio é um local movimentado e que nessa quarta estava mais que o normal, ainda assim em campeonatos não costuma ter brigas.
“Da forma que foi, imaginamos se tratar de um crime já planejado. Vieram para matar a pessoa certa, mas morreu mais gente por azar. O sentimento que fica é de insegurança. Tenho medo deles voltarem aqui para terminar o que começaram”, revelou.
A mulher mora no local há um ano e trabalha em uma loja de bolos, também ao lado do ginásio. Revela que o ambiente é de briga entre gangues.
“Sabemos que tem isso do grupo daqui não poder frequentar as quadras de lá e vice-versa. Tem gente que vive em guerra por aqui. É um local violento, mas no ginásio nunca tinha acontecido nada”, lembrou.
Fonte: Metrópoles