Os donos de uma creche particular fechada no ano passado, em Goiânia (GO), foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por maus-tratos e até tortura contra crianças e adolescentes que frequentavam o espaço.
Em 20 de janeiro último, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) indiciou o casal que geria a creche. Uma advogada, mãe de uma das crianças denunciou os crimes em dezembro passado e contou que bebês e outras crianças ficavam trancados em um quarto escuro e sem comida.
Outros pais, além de ex-funcionários do local, contaram que as vítimas eram levadas para o quarto quando choravam, e lá permaneciam até parar e/ou dormir.
A polícia ouviu seis ex-empregados da creche e 11 responsáveis por crianças que frequentavam a creche. Todos confirmaram a versão dos maus-tratos cometidos no local.
Sopa batida e privação de comida ou água
Mãe de um menino de 2 anos, a advogada Ingrid Gabriella Lima Barcelos contou que soube da situação quando uma ex-funcionária da creche a procurou e pediu ajuda para conseguir outro emprego.
“Eu questionei o que tinha acontecido. De início, ela ficou com medo e não quis passar informação, mas percebeu que podia conversar comigo e abriu o jogo”, relatou Ingrid.
Ainda segundo a ex-empregada da creche, as crianças eram deixadas sem comer: “E, no calor, elas só bebiam água quente. A comida era sopa todos os dias na hora do almoço. Na hora da janta, era sopa batida no liquidificador e ofertada para as crianças uma vez só”.
O filho da advogada frequentava o berçário desde os 6 meses de vida e, segundo ela, chegava em casa “muito assado e com muita fome”.
A creche particular foi fechada em 2024, após os donos anteciparem as férias, receberem algumas matrículas para 2025 e fecharem o espaço. A coluna Na Mira tentou contato com a defesa dos responsáveis pela instituição de ensino, mas não conseguiram resposta até a mais recente atualização desta reportagem.