A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), em apoio à Operação Psicose, deflagrada pela Polícia Civil do DF (PCDF), encontrou em um depósito de tabacarias um esquema ilegal em que traficantes produziam chocolates contendo psilocibina — substância proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e extraída do cogumelo, que provoca euforia, alucinações e alterações na percepção do tempo.
Os agentes apreenderam diversos tabletes, batizados de “chocolate da noia”. Os “doces” já estavam embalados e prontos
Mais detalhes:
- A operação realizada nessa quinta-feira (4/9), pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), desmantelou uma organização de tráfico de drogas sintéticas e psicodélicas no país;
- No total foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e nove prisões preventivas em sete unidades da federação;
- As buscas foram feitas no Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Pará, Minas Gerais e Espírito Santo;
- De acordo com a Cord, a rede nacional chegava a movimentar até R$ 200 mil por dia, sustentada por uma estrutura avançada, logística e marketing digital agressivo;
- Entre os presos estão os dois universitários do DF, agora apontados como peças centrais no fornecimento da droga para a capital federal;
- Durante a operação, foram apreendidos computadores e celulares utilizados na administração da plataforma e documentos contábeis da organização;
- No total nove pessoas foram presas, entre elas dois universitários do Distrito Federal envolvidos no esquema de produção de alucinógenos.
“Império dos Cogumelos”
Ainda durante as diligências, os agentes encontraram um sofisticado laboratório de produção de drogas alucinógenas, que mostra um verdadeiro “Império dos Cogumelos”.
O local era dividido em cômodos, cada um dedicado a uma fase da produção. Cogumelos estavam espalhados por bandejas com filtros de ventilação, caixas e sacos plásticos — alguns ainda em preparo, outros já prontos para a venda.
Nas imagens obtidas pelo Metrópoles, é possível ver as drogas embaladas, empacotadas e até carimbadas, indicando um esquema profissional de comercialização.
Linha de produção
Dois universitários do Distrito Federal estão entre os presos durante a Operação Psicose. De forma meticulosa e organizada, Igor Tavares Mirailh e Lucas Tauan Fernandes Miguins transformaram laboratórios improvisados em uma verdadeira linha de produção. Diferentes espécies de cogumelos eram cultivadas e comercializadas por meio de uma plataforma on-line com aparência profissional:
- Catálogo de variedades;
- Fotografias em alta resolução;
- Descrições detalhadas de efeitos e dosagens;
- Diversas formas de pagamento, incluindo cartão de crédito, Pix e transferências bancárias.
A logística de entrega também surpreendeu os investigadores. Os produtos eram despachados em embalagens discretas, enviados tanto por transportadoras privadas quanto pelos Correios, em um modelo semelhante ao dropshipping, que dificultava a identificação do material.
Além disso, os universitários mantinham um grupo exclusivo de WhatsApp, no qual clientes trocavam experiências, relatavam efeitos, compartilhavam orientações de consumo e recebiam recomendações diretas dos vendedores. Essa rede de comunicação funcionava como estratégia de fidelização, criando uma comunidade em torno da droga.
Veja imagens do esquema chefiado pelos universitários:
FONTE: METRÓPOLES