Abraçar as árvores pode ser mais do que uma forma de entrar em contato com a natureza e agradecer por tudo que elas nos oferecem: pode ser também um sinal de inteligência. Um novo estudo publicado na revista Nature Sustainability sugere que crianças e jovens entre 9 e 15 anos que passam um tempo significativo entre árvores apresentam desenvolvimento e performance cognitiva superior àqueles que não costumam visitar florestas, matas e campos em geral: as árvores especificamente podem ser fator determinante para o crescimento intelectual das crianças durante tais anos fundamentais.Pois o estudo, que acompanhou 3.568 estudantes de 31 diferentes escolas em Londres, na Inglaterra, não alcançou o mesmo resultado positivo entre jovens que frequentam locais com gramados ou lagos somente: o diferencial, de acordo com a pesquisa, está nas árvores. Intitulado “Os benefícios de uma região arborizada e outros ambientes naturais para a cognição e a saúde mental de adolescentes”, em tradução livre, o trabalho sugere benefícios também emocionais sobre o bem-estar dos jovens como elemento determinante para o desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo.“Nós mostramos que, depois de ajustar outras variáveis, exposições diárias maiores a bosques e áreas arborizadas, mas não a áreas de pastagem, estão associadas com índices maiores de desenvolvimento cognitivo e risco menor de problemas emocionais e de comportamento entre adolescentes”, diz a apresentação do estudo. “Nossos resultados sugerem que decisões sobre o planejamento urbano, a fim de otimizar os benefícios oferecidos por ecossistemas ao desenvolvimento cognitivo e à saúde mental, devem cuidadosamente considerar incluir ambientes naturais”, afirma o texto.Apesar de apontar para os benefícios emocionais como elemento importante para tal impacto positivo das árvores sobre o desenvolvimento intelectual, o estudo não apresenta explicações concretas e diretas a fim de explicar o resultado. Há, no entanto, outro elemento indireto que pode ajudar a explicar a conclusão: o contato com árvores costuma ser bastante mais frequente entre as fatias sociais com mais dinheiro, um fator que quase sempre impacta também em diversos outros pontos de desenvolvimento desde a primeira infância e até a fase adulta – da alimentação à escola onde cada criança estuda. Pode haver, portanto, para além das árvores, o privilégio como elemento determinante para explicar o resultado do estudo.Fonte: Hypeness