

Para o segurança Flávio Chaves, de 46 anos, amigo de João Alberto Silveira Freitas, homem negro que foi morto espancado na porta do supermercado Carrefour, no bairro Passo d’Areia, em Porto Alegre (RS), Beto, como era conhecido, era respeitoso e querido na comunidade em que moravam.
Flávio era vizinho de João desde a infância e os dois se conheciam bem. Ele destaca que o vídeo mostra um abuso claro contra o amigo. “Isso afeta toda a população negra desse país. Não somos animais.”
“Ele era preto, pobre e morador de favela, mas era um homem que a comunidade amava. Andava sempre tomando uma cervejinha à noite, as vezes com a ‘patroa’ dele. Era um homem respeitoso, e a comunidade gostava dele por isso. Abraçava todo mundo com alegria e entusiasmo”, disse Flávio.
Por também ser segurança, Chaves frisou que a profissão não exige violência física e que a ação dos funcionários do Carrefour foi descabida. “Segurança não bate em ninguém. Não é essa a orientação passada. É competência da polícia fazer a condução do suspeito para lavrar um boletim de ocorrência. O segurança apenas constata e se antecipa, conduzindo a situação até a chegada da polícia”.
Além disso, o segurança destacou que a defesa da integridade física é essencial, e que, quando necessário, deve ser feita a contenção de um suspeito, não a agressão.
Ele lembrou que os dois sempre faziam um churrasco com cerveja antes das partidas de futebol, já que residem a menos de um quilômetro da Arena do Grêmio.
“Chega de mortes por sermos de raças diferentes. Um dia vão ter que pagar por tudo isso. Espero que a justiça seja feita”, concluiu Chaves.
O caso envolvendo o Carrefour mais uma vez ganhou as redes sociais e gerou críticas pelo histórico de situações negativas envolvendo a rede de supermercados. Alguns perfis pedem, inclusive, um boicote à rede francesa.
O que diz o Carrefour
A empresa divulgou uma nota na madrugada desta sexta-feira (20/11), afirmando que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos no homicídio. Também afirmou que romperá contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram o crime.
“O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário”, diz o comunicado.
A empresa frisa ter começado uma “rigorosa apuração interna” e afirma que vai tomar todas as medidas para que os responsáveis sejam punidos legalmente.
Fonte: Metrópoles