

O festival Brasília Orgulho, iniciativa que inclui a Parada do Orgulho LGBT de Brasília, lançou uma loja virtual com produtos inspirados nas cores do arco-íris. Toda a receita arrecadada com as vendas será destinada às ações do coletivo ativista. Na compra de peças específicas, o valor (ou parte dele) é doado a entidades apoiadoras do movimento no Distrito Federal. Para dar um toque ainda mais especial, os itens são ilustrados com monumentos da capital, como o Congresso Nacional e as Torres de TV.
Novidades da loja
Hospedada no site do Brasília Orgulho, esta é a primeira loja virtual da América Latina realizada por um evento ativista em orientação sexual e identidade de gênero, segundo a organização. Ampliar a visibilidade do movimento é um dos propósitos do lançamento, seja por pessoas da própria comunidade, seja por apoiadores. A coleção de estreia inclui itens como avental, bandeira de mão, bloco de anotações, caneca, chaveiro, copos, ecobags, marcador de página, pulseira, entre outros.
Outra possibilidade da plataforma é fazer uma doação direta a uma entidade ligada ao movimento. Neste primeiro momento, será o Grupo Livre LGBT de Samambaia. Na compra das máscaras faciais, os lucros serão revertidos para o Centro LGBTS de Brasília, que fornece cestas básicas a pessoas da comunidade em situação de vulnerabilidade devido à pandemia de Covid-19. A loja virtual também permite a compra de cestas básicas de R$ 65, direcionadas ao mesmo coletivo.
Welton Trindade, cocoordenador do Brasília Orgulho, conta em entrevista à coluna que a intenção é ampliar a linha. Possibilidades futuras incluem itens de moda, como roupas e acessórios. “O céu é o limite. O que pudermos criar, faremos. É um lançamento inicial, para testar mercado”, explica o ativista e jornalista. Os itens lançados até o momento foram desenvolvidos por designers voluntários do coletivo.
Impacto social
As vendas da plataforma ajudarão o movimento de três formas: propagando a visibilidade, financiando as festividades do coletivo Brasília Orgulho e ajudando iniciativas LGBTQIA+, com doações. Dessa forma, além do patrocínio de empresas e doações, o evento poderá contar com apoio direto da comunidade. “Se uma pessoa compra um produto, ajuda o festival com toda a renda. Ao mesmo tempo, a cada dois ou três meses, escolheremos uma entidade parceira para que o público possa doar”, explica.
O Grupo Livre LGBT de Samambaia, primeiro beneficiado pela iniciativa, existe desde 2009 e realiza a marcha LGBTQIA+ da região administrativa. Além disso, desenvolve outras ações sociais, como combate ao crack por meio do incentivo ao esporte. Com o dinheiro arrecadado, o coletivo comprará cestas básicas para pessoas impactadas pela pandemia.
Mesmo uma causa social exige uma necessidade financeira, como frisa Welton Trindade. Colocar trios na rua, oferecer a passagem dos voluntários e manter o site no ar são ações que geram custos. Além disso, diante do pior momento da pandemia no país, muitos membros da comunidade estão sem emprego e ainda mais vulnerabilizados, tornando as possibilidades da loja ainda mais necessárias.
“O festival está sendo esse hub, um local que congrega outras iniciativas sociais. Não era a intenção inicial, mas virou em questão de dias”, comenta o ativista. O Centro LGBTs de Brasília, por exemplo, procurou a organização do festival após o lançamento do e-commerce para arrecadar cestas básicas. “Já temos todo um sistema de cobrança e de logística. Estamos disponibilizando para outras entidades que não têm essa estrutura”, completa.
Realizada desde 1998, a Parada do Orgulho LGBT de Brasília é a terceira mais antiga do país e o segundo maior evento cívico de rua do Distrito Federal, atrás apenas do Carnaval. Na última edição presencial, em 2019, chegou a reunir cerca de 120 mil pessoas. A parada integra o festival anual Brasília Orgulho, que comemora o dia 28 de junho. Por conta da pandemia de Covid-19, as celebrações de 2020 ganharam forma da ação Orgulho 20 – Somos Maiores.
“Brasília, hoje, é uma das cidades com mais serviços de proteção para LGBTs. Tem uma legislação avançada para isso, delegacia contra a homofobia – uma questão rara no Brasil –, tem uma estrutura do Governo Federal específica para cuidar de LGBTs, centro de apoio à saúde de pessoas trans”, lista Trindade.
Os detalhes sobre o festival deste ano serão divulgados futuramente. O cocoordenador antecipa que será um formato nunca antes visto nas cidades brasileiras em celebrações do Orgulho LGBTQIA+. Será um evento físico, mas sem aglomeração. “Estamos muito cientes dessa questão”, assegura o colaborador do festival.
Fonte: Metrópoles