Uma oficina de grafite na Universidade do Distrito Federal (UnDF) terminou em confusão, e a polícia foi acionada. Os alunos foram surpreendidos na terça-feira (10/9) por policiais que apareceram na instituição fotografando as paredes do local. Eles alegam que havia o acordo do reitor pro tempore para usar o centro acadêmico e que o espaço foi conquistado após mobilização no ano passado para ser usado pelos estudantes. A prefeitura do campus informou que não tinha sido comunicada da ação e não autorizou o grafite.
Segundo o relato dos envolvidos na oficina, a polícia no local foi uma pressão de dentro da universidade. Na semana anterior, os estudantes organizaram paralisação pedindo oferta de alimentação, transporte adequado e política de permanência estudantil. Nessa mobilização, houve rodas de conversa e oficinas.
“[O acordo era de que] o espaço de descanso e convivência seria gerido de forma autônoma pelo segmento, sem interferência da administração”, destaca o relato de um professor que esteve nos momentos, mas que preferiu não ser identificado. Desenhos também foram feitos em mesas de concreto.
Denúncia foi feita na CLDF
Ele afirma que o prefeito do campus teria interpelado os alunos, dizendo que não podiam prosseguir e que deveriam ter feito um pedido formal. Segundo o professor, os estudantes justificaram com a autorização do reitor e ainda pediram a orientação para fazer o pedido oficial e que não foi informado como poderia ser feito.
Uma semana depois, agentes da polícia foram ao local fazendo fotos dos ambientes.
“Trata-se de uma situação extremamente grave, pois envolve não só a intimidação da comunidade universitária e retaliação contra o movimento estudantil por ter realizado uma paralisação, como uma provável tentativa de abertura de inquérito policial contra estudantes que apenas realizaram uma atividade de caráter político e artístico no Campus Universitário, utilizando para isso as paredes de um espaço que foi cedido pela universidade para que eles pudessem gerir e utilizar à sua maneira”, destacou o docente.
Denúncia
A denúncia foi encaminhada à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que enviou um ofício à universidade pedindo explicações.
“Solicitamos que a Reitoria da UnDF apure os fatos relatados, assegure que não haja qualquer tipo de perseguição ou retaliação contra os envolvidos e tome medidas a fim de garantir que os direitos de livre manifestação, expressão e organização estudantil sejam respeitados dentro da universidade”, destacou o ofício.
“Aguardamos resposta e providências da Reitoria Pro Tempore para que ações de cerceamento de direitos e intimidação contra a comunidade universitária não se perpetuem e colocamo-nos à disposição para colaborar no que for necessário para garantir o pleno respeito aos direitos humanos na UnDF e a mediação das demandas junto à comunidade universitária”, completou o documento.
Em nota, a Universidade do Distrito Federal reforçou que foi comunicada formalmente sobre as ações dos alunos no dia 10, também quando ficou sabendo da apuração do “pretenso dano ao patrimônio público”.
“É fundamental que a comunidade acadêmica compreenda a importância do respeito aos espaços públicos e o impacto das pichações e de expressões culturais sem a devida autorização do órgão, encontrando um saudável e assertivo equilíbrio entre a liberdade de expressão, a preservação do patrimônio público e o respeito às normas públicas”, destacou a universidade em nota.
A UnDF destacou que valoriza manifestações culturais e artísticas, com a oferta dos cursos “Produção Cultural” e “Dança e Atuação Cênica”, mas que é necessário preservar o espaço público.
A Polícia Civil do DF informou que a ocorrência não foi localizada com os dados informados [investigação de grafite na UnDF].
Fonte: Metrópoles