O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) leu, na noite desta quinta-feira (11/3), uma suposta carta de um homem que seria feirante na Bahia e que teria se matado em razão do decreto que estabeleceu toque de recolher no estado, entre 22h e 5h.
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro usou o termo “lockdown”, também conhecido como fechamento do comércio e abertura apenas de atividades essenciais. O governo da Bahia, no entanto, decretou apenas toque de recolher como forma de frear o avanço da Covid-19 na região.
O presidente afirmou, sem citar fontes, que estão ocorrendo vários “casos de suicídio pelo Brasil por causa do lockdown” e citou dois supostos casos como exemplos, um em Fortaleza e outro na Bahia.
Na suposta carta lida por Bolsonaro, o homem teria pedido desculpas para a mãe e dito que queria cuidar muito da filha. No documento, a vítima teria chegado a citar o fechamento decretado pelo governador Rui Costa (PT) e o prefeito Bruno Reis (DEM).
“Cansei de humilhação”
“Mãe, me desculpe por tudo. Sei que errei muito na minha vida. Eu queria muito cuidar da minha filha, Alicia. Sempre te amo muito. Onde estiver, sempre estarei do seu lado, mas estou cansado de tanta humilhação aqui na feira. Cansei de ser muito humilhado. Estou fazendo isso porque não estou dando [conta de] pagar dívidas por causa do governador e prefeito. Decretou fechamento de tudo e não está dando para vender direito. 8 de março de 2021”, disse Bolsonaro, lendo a suposta carta.
Em seguida, ao terminar a leitura, Bolsonaro ressaltou que “o efeito colateral do lockdown está sendo mais danoso que o próprio vírus”.
“Devemos estimular, sim, fazer um campanha para o idoso ficar em casa, para os que têm doenças e comorbidades ficar [sic] em casa. O resto, pessoal, toma as medidas ali que estão sendo usadas no momento e vão para o trampo. Vão trabalhar, pô”, declarou.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.
A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem 24 horas por dia a quem precisa.
Fonte: Metrópoles