Nesta semana, foi revelado que artistas do sertanejo como Zé Neto & Cristiano, Gusttavo Lima e outros receberam cachês extraordinários para realizar shows em cidades pequenas no interior do Brasil. E tudo começou com um ataque à cantora Anitta. Durante um show na cidade de Sorriso, no Mato Grosso, o cantor Zé Neto atacou criticou Anitta por conta de uma tatuagem íntima da cantora do pop e ainda colocou a Lei Rouanet no meio do discurso.“Sorriso, Mato Grosso, um dos estados que sustentou o Brasil durante a pandemia. Nós somos artistas que não dependemos de Lei Rouanet, o nosso cachê quem paga é o povo, a gente não precisa fazer tatuagem no toba para mostrar se a gente está bem ou não, a gente simplesmente vem aqui e canta, e o Brasil inteiro canta com a gente”, soltou.O cantor misturou Anitta com a Lei Rouanet, mas informações do próprio governo brasileiro mostram que a artista carioca não utilizou recursos do mecanismo de incentivo à cultura. Em 2015, ela teve um projeto aprovado no valor de R$ 3 milhões para realizar 10 shows no Centro-Oeste, mas o dinheiro não foi captado e, portanto, acabou não utilizado para a produção.Tiro saiu pela culatra
Zé Neto é ávido apoiador do presidente Jair Bolsonaro e fez coro ao discurso de extrema-direita que busca acabar com as leis de incentivo à cultura no Brasil. Entretanto, informações reveladas pela imprensa mostraram que, na verdade, diversos cantores do sertanejo são beneficiados por recursos públicos vultuosos que superam o próprio teto de remuneração da Lei Rouanet, estipulado em R$ 3 mil para artistas solo. De acordo com levantamentos de diversos veículos de imprensa, a dupla de Zé Neto recebeu R$ 550 mil da Prefeitura de Extrema (MG) para um show na cidade. Gustavo Lima recebeu R$ 800 mil da administração de São Luiz (RR), cidade com 8 mil habitantes. Wesley Safadão recebeu R$ 780 mil de Luís Eduardo Magalhães (BA), que tem 90 mil moradores. A própria Anitta recebeu R$ 500 mil da Prefeitura de Parintins (MA) para fazer um show. Gusttavo Lima faria um show no valor de R$ 1,2 milhão em Conceição do Mato Dentro (MG), mas a prefeitura decidiu cancelar o show após revelarem as verbas publicamente.Os sertanejos são críticos do modelo público de financiamento de cultura da Lei Rouanet, que exige a avaliação de uma comissão especializada, licitação, prestação de contas e contrapartidas sociais, mas não tem problemas em receber verbas de prefeituras que não possuem esse tipo de controle de gestão. Questionado, Gusttavo Lima afirmou através de assessoria que “não cabe ao artista fiscalizar as contas públicas” e “o valor do cachê do artista é fixado obedecendo critérios internos, baseados no cenário nacional”. O tiro na culatra gerou inclusive um pedido de desculpas por parte de Zé Neto, que iniciou a polêmica. “Quem tem que dar satisfação sou eu. Estou atravessando uma fase ruim, sou seu irmão. Não precisa se explicar, joga pra mim irmão, não tem nada a ver com você”, disse o cantor em uma live no Instagram.Apesar da hashtag #CPIdoSertanejo ter entrado nos trending topics recentemente, não existe Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar o uso de verbas públicas para financiamento de shows sem licitação. Alguns casos pontuais estão sendo investigados pelo Ministério Público.Fonte: Hypeness